É um mundo perigoso aquele em que vivemos. A vontade de conflito supera a vontade de concórdia, as demonstrações de força superam o diálogo e o escalar dos conflitos é algo que já foi mais improvável.
E também em Portugal é num mar turbulento que navegamos, impactados por tantos fatores internos e externos da maior relevância.
O início do ano foi pouco prometedor. Aos conflitos já a decorrer na Ucrânia e na faixa de Gaza juntou-se a disrupção do comércio mundial causada pelos ataques Houthis no Mar Vermelho e o potencial de conflito entre a República Popular da China e Taiwan. Este mar tumultuoso vai desaguar no final do ano com umas eleições nos EUA que se esperam tudo menos pacificas.
A nível interno encaminhamo-nos para novas eleições, de resultado incerto a não ser que tomemos como certos os fortes indicadores de instabilidade que se seguirá às mesmas. Também neste nosso País o protesto toma o lugar da negociação, o populismo e demagogia substituem uma discussão séria sobre temas fundamentais para a definição do nosso futuro enquanto sociedade e vive-se um clima de guerrilha entre os vários poderes institucionais.
Mas, por pior que o mundo nos pareça, há sempre vários caminhos. E nós vamos encontrando e percorrendo os nossos. Enquanto País, enquanto empresas, enquanto famílias e enquanto pessoas.
…defendendo sempre os investimentos produtivos nos nossos Portos e nas suas acessibilidades, uma simplificação processual com a consequente redução das burocracias…
Assim o temos feito ao longo dos anos e dos séculos, ultrapassando os obstáculos, dando, por vezes, alguns passos para trás para depois poder avançar, agarrando-nos às oportunidades como se fossem saliências numa escarpa que temos de subir.
E é assim que, independentemente do que vier em 2024, enfrentaremos o futuro. Com esperança, trabalho, afinco e inteligência para crescer em novos mercados, encontrar oportunidades nos existentes, desenvolver as nossas pessoas, proteger os empregos para encontrar o crescimento económico que tanto precisamos. Muito depende de cada um de nós.
Em termos individuais, depende de contribuirmos de forma profissional e séria nas nossas funções empresariais, familiares, sociais, culturais, desportivas ou outras onde estejamos envolvidos.
Em termos empresariais, nunca desistir de crescer, de procurar a excelência, de investir no desenvolvimento das pessoas, de encontrar novas formas de organização mais profícuas e eficientes e de colaborar para potenciar o crescimento.
Em termos políticos, tentar encontrar soluções, promover a igualdade de oportunidades e incentivar investimentos que permitam libertar o potencial económico do Pais, ao mesmo tempo que se dê uma resposta capaz no que o Estado não pode falhar aos seus cidadãos, nas áreas da saúde, educação, segurança e proteção social aos mais desfavorecidos.
Em termos de sociedade civil, encontrar formas de defender os direitos e implementar deveres que respondam a novas formas de trabalho, a novas dinâmicas do mercado e à emergência de novas tecnologias disruptivas. Formas estas que não se transformem em espirais constantes de protestos e greves causadoras de transtornos inultrapassáveis.
Porque os Agentes de Navegação são, por natureza, confiantes e assumem a sua responsabilidade acredito que o nosso futuro enquanto País e sociedade é promissor. Continuaremos a trabalhar, a batalhar, a inovar e a contribuir para que haja as condições necessárias ao desenvolvimento do nosso Portugal, defendendo sempre os investimentos produtivos nos nossos Portos e nas suas acessibilidades, uma simplificação processual com a consequente redução das burocracias e uma comunicação eficaz entre todas as entidades para atingirmos o objetivo comum de ter um Portugal próspero e desenvolvido.
* Título da responsabilidade da Direcção
JOÃO SILVA
Presidente da AGEPOR