O transporte de mercadorias tem impactos ambientais e na saúde negativos e significativos, mas os carregadores podem torná-lo “mais verde”, caso tenham comportamentos ambientais exigidos pelos consumidores.
A confiança no serviço é a principal prioridade para os carregadores, mas o branding parece ser um impulsionador para motivar as estratégias ambientais das empresas, juntamente com a pressão dos stakeholders internos e externos.
A relação entre os carregadores e os operadores de transporte tem sido uma barreira para os desenvolvimentos ambientais, sendo muito difícil para os carregadores influenciar determinados operadores de transporte, recorrendo a transportadoras de menor dimensão para obter melhorias mais significativas.
Os carregadores têm cada vez mais metas de redução de emissões de gases de efeito estufa, muitos deles, a nível europeu, considerando a utilização de HVO e/ou RME.
O HVO é um combustível produzido a partir de óleos vegetais, como óleo de palma, de soja, de girassol, óleo de aparas de madeira, gorduras residuais (óleo de cozinha) e gorduras animais.
Mas, para produzir especificamente o HVO, os óleos devem entrar em contato com hidrogênio verde sob alta pressão, e então é criado o combustível. O hidrogênio deve ser produzido a partir de energias renováveis, como a solar. Esse processo possibilita a obtenção a partir de uma maior variedade de matérias-primas que não competem com a produção de alimentos. Mas que competem por terrenos com os alimentos e a floresta, embora possam ser produzidos no mar.
O biodiesel RME é geralmente produzido pela conversão química de óleo de sementes de colza com metanol, sendo um combustível relativamente “agressivo”. Biodiesel RME/FAME é um biocomponente do diesel convencional. Possui propriedades físico-químicas semelhantes às do óleo diesel, sendo renovável e biodegradável. É fabricado com base em óleo de colza e outros óleos vegetais. O Biodiesel RME/FAME possui baixo teor de enxofre.
A escolha do combustível é uma parte do transporte que pode ser crucial em relação ao desempenho ambiental, onde uma mudança para combustíveis renováveis produzidos e distribuídos de forma eficiente pode reduzir bastante o impacto ambiental.
Ao nível industrial geral, algumas estratégias de sustentabilidade ambiental comummente usadas podem ser identificadas: gestão de risco, eficiência de recursos e ‘marketing verde’.
As “práticas verdes” dos carregadores parecem variar muito, desde a implementação de ferramentas genéricas até medidas muito mais específicas e claramente relacionadas com transporte. Mas os carregadores caracterizam o setor do transporte de mercadorias, a nível geral, como muito conservador, aderindo em grande medida aos combustíveis fósseis e ficando para trás na transformação para combustíveis renováveis, no combate às alterações climáticas e a muitas outras medidas de proteção da saúde.
O papel dos carregadores é importante para reduzir os impactos ambientais dos transportes, pois podem exigir serviços com melhor desempenho ambiental. Mas apenas uma parcela muito limitada das potenciais melhorias ambientais existentes parece ser implementada pelos operadores de transporte, em parte devido à falta de recursos e ferramentas.
As exigências dos carregadores podem ser vitais para desencadear iniciativas verdes entre os transportadores. Podem fomentar inovações de ecoeficiência ligadas a serviços logísticos. Ainda assim, os aspetos ambientais são frequentemente menos prioritários para os carregadores do que os custos, ou podem até não ser considerados nos requisitos dos serviços de transporte. Parece haver muito espaço para melhorias substanciais.
A escolha do combustível é uma parte do transporte que pode ser crucial em relação ao desempenho ambiental, onde uma mudança para combustíveis renováveis produzidos e distribuídos de forma eficiente pode reduzir bastante o impacto ambiental.
Em muitos países do norte da Europa é possível usar combustíveis renováveis, como biometano, biodiesel (HVO, RME/FAME), etanol e eletricidade verde. A Suécia, Noruega e Finlândia são os três países com as maiores quotas de energia renovável utilizada nos transportes na Europa. No entanto, o uso de combustíveis fósseis ainda é significativo, mas parecem existir poucos estudos sobre transporte de mercadorias.
Os carregadores podem escolher qual o tipo de energia renovável que o seu transportador poderá utilizar, como por exemplo o HVO ou RME.
O biometano e a eletricidade renovável podem ser boas opções de longo prazo, devido ao desempenho e sustentabilidade, mas os veículos movidos a biometano e eletricidade são mais caros, sendo importante os carregadores realizarem contratos de longo prazo que permitam aos fornecedores de transporte fazer os investimentos necessários em novos meios de transporte.
Fonte: Pålsson, H.; Kovács, G. “Reducing Transportation Emissions : A Reaction to Stakeholder Pressure or a Strategy to Increase Competitive Advantage”.
VÍTOR CALDEIRINHA