O sector dos transportes no Golfo Arábico tem conhecido um crescimento exponencial, como bem mostra o hipercompetitivo transporte aéreo, em que o Golfo conseguiu criar transportadoras de classe mundial e hubs para a aviação global.
A visão de futuro é acompanhada por uma estratégia sólida e por recursos financeiros resilientes, que colocam a região como benchmark para outros continentes e regiões.
Mas os recentes anúncios – na aviação, ferrovia e transporte marítimo – demonstram que será cada vez mais difícil acompanhar o ritmo do GCC.
O músculo financeiro dos estados catapulta toda a região para um nível cuja dimensão ainda não conseguimos perceber na Europa.
Na aviação, companhias como a Emirates e a Qatar Airways são há muito referência no setor. Mas o mercado está longe de ficar por aí. Etihad, Kuwait Airways, Saudi Arabian Airlines, Oman Air, Gulf Air, FlyDubai e AlJazeera no Kuwait estão prestes a entrar no radar internacional – apesar de já serem muito conhecidas na região.
O recente anúncio da criação da Riyadh Air, a próxima grande companhia de aviação mundial, é mais um sinal de força que a Arábia Saudita quer imprimir ao desenvolvimento do país, não querendo deixar indisputada a liderança dos céus que neste momento pertence à Emirates e à Qatar Airways.
Do ponto de vista das infraestruturas, a região está a desenvolver-se de uma forma bastante rápida. Estão a surgir novos aeroportos em todos os países e mesmo o Kuwait, o único país que ainda não tem um aeroporto no nível dos restantes cinco, planeia para 2025 a inauguração de um dos mais modernos aeroportos a nível mundial.
…o mercado está em ebulição e as empresas locais precisam cada vez mais de parceiros internacionais que tragam know-how e soluções para os seus enormes desafios. E as empresas portuguesas, vão querer aproveitar a boleia?
Quanto à ferrovia, é historicamente inexistente deste lado do mundo. Mas também aqui as coisas estão a mudar. A visão partilhada pelo Grupo de Países do Golfo é que por volta de 2035 existam ligações ferroviárias de passageiros e carga entre os seis países (Arábia Saudita, Qatar, Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Qatar e Omã) que igualem o nível de serviço, rapidez e fiabilidade do TGV na Europa.
Após a Expo do Dubai e do Mundial de futebol no Qatar, os players da área da mobilidade e dos transportes são olhados como críticos para o desenvolvimento internacional na região.
O conhecimento das empresas portuguesas que estão no sector de forma direta ou indireta poderá funcionar como catalisador para as suas congéneres do Golfo Arábico e na partilha de conhecimento estará, por certo, uma fórmula para o sucesso do nosso tecido empresarial na região.
A favorecer a internacionalização das nossas empresas para o Golfo Arábico apontam-se a segurança, a estabilidade e uma filosofia amiga do investimento direto estrangeiro. Já para não falar das oportunidades infindáveis e de recursos financeiros quase ilimitados, que pode também espoletar projetos de inovação e empreendedorismo.
Ao nível político, há uma estratégia a 20 anos, o que por si só configura uma vantagem para os empreendedores e empresários nacionais e internacionais.
Desafio os leitores a conhecer e explorar melhor esta região do mundo. Oportunidades não faltam, para onde quer que se olhe: no transporte aéreo, marítimo e terreste, na logística e na carga, nos transportes públicos ou na mobilidade suave.
Com todos estes países a olharem para um futuro pós-petrolífero, o mercado está em ebulição e as empresas locais precisam cada vez mais de parceiros internacionais que tragam know-how e soluções para os seus enormes desafios. E as empresas portuguesas, vão querer aproveitar a boleia?
IMRAN MHOMED
Consultor da JPAB para o Golfo Arábico