A melhoria das acessibilidades marítimas do porto de Leixões vai sair muito mais cara que o inicialmente previsto. Por isso, a APDL quer aumentar a TUP Navio em mais de 30%.
As obras de prolongamento do quebra-mar e do aumento dos fundos no porto de Leixões, inicialmente previstas para custarem 131 milhões de euros deverão, afinal, ficar por mais 31,6%, ou mais cerca de 50 milhões de euros. A revisão dos preços é forçada pela conjuntura internacional, decorrente do conflito armado na Ucrânia.
Sem capacidade para suportar esse acréscimo num investimento já de si vultuoso, a APDL pretende aplicar um aumento extraordinário de 24,8% na TUP Navio, de acordo com a proposta a que o TRANSPORTES & NEGÓCIOS teve acesso. Um aumento que acrescerá à actualização anual de 5,9% proposta pela administração portuária, em linha com a inflação prevista pelo Banco de Portugal.
Na justificação do aumento extraordinário, a APDL sustenta que o “Regulamento do Sistema Tarifário dos Portos do Continente (RST) indica que deve ser a TUP a reflectir os gastos / investimentos com obras marítimas”, e lembra que já em 2021 a conta de exploração da TUP Navio apresentou “um défice significativo”, que, de resto, avisa, deverá agravar-se consideravelmente nos próximos anos, mesmo com a actualização, por causa dos “massivos investimentos em curso”.
A administração liderada por Nuno Araújo lembra ainda, a finalizar a argumentação, que “o investimento do quebra-mar e acessibilidades marítimas do Porto de Leixões foi muito reclamado pelos utilizadores”.
A proposta de atualização tarifária está agora a ser debatida nas comunidades portuárias de Leixões e de Viana do Castelo e, ao que o TRANSPORTES & NEGÓCIOS conseguiu apurar, o sentimento generalizado é de rejeição e de preocupação com o impacte de um tal aumento, nomeadamente quando se trate de atrair ou reter os armadores aos portos nacionais.
Ainda que no que se refere à TUP Navio, mas agora na vertente das passagens, a proposta da APDL prevê ainda a redução das percentagens dos descontos “de quantidade” atribuídos aos operadores.
Reboques também aumentam
Mas os aumentos extraordinários propostos não se limitam à TUP Navio. Também os serviços de reboque em Leixões (um exclusivo da APDL) deverão sofrer um agravamento substancial, para ajudar a pagar os investimentos.
No caso, a proposta de revisão extraordinária é de 15,5%, que acrescerá aos 5,9% de actualização anual.
No ano em curso, a APDL investiu 13 milhões de euros em novos rebocadores, mais potentes e mais amigos do ambiente, mas o serviço de reboque já é “deficitário” e a administração portuária diz não ter já “margem para continuar a absorver a expansão dos custos por manobra do serviço de reboque”.
A APDL tem em curso, ou previsto um ambicioso, e vultuoso, plano de investimentos, em Leixões, em Viana do Castelo e na Via Navegável do Douro, mas nos anos recentes viu as suas receitas afectadas pela pandemia (em particular no segmento de cruzeiros), e mais ainda pelo encerramento da refinaria da Petrogal. Acresce agora a alta dos preços resultante da guerra na Ucrânia.