A OCDE estima que o Índice de Preços no Consumidor (IPC) poderá subir 0,4 pontos percentuais num ano se persistir a crise no Mar Vermelho.
“A investigação da OCDE sugere que o recente aumento de 100% nos custos de transporte, se persistir, poderá aumentar a inflação anual dos preços de importação da OCDE em cerca de cinco pontos percentuais“, pode ler-se no relatório das projecções económicas intercalares publicado hoje.
A concretizar-se, segundo a organização, a estimativa é de mais 0,4 pontos percentuais na inflação dos países da OCDE, medida pelos preços no consumidor, após cerca de um ano.
A OCDE recorda que os ataques de huthis aos navios no Mar Vermelho levaram ao redireccionamento dos fluxos comerciais, tendo os custos e os prazos de entrega aumentado, especialmente no comércio da Ásia para a Europa.
“Isto já começou a perturbar os calendários de produção na Europa, especialmente para os fabricantes de automóveis. Cerca de 15% dos volumes do comércio marítimo global passaram pelo Mar Vermelho em 2022. A utilização de uma rota mais longa em torno do Cabo da Boa Esperança aumenta os tempos de viagem entre 30-50%, dependendo da rota em causa, e aumenta as necessidades globais de capacidade de transporte”, alerta.
A organização com sede em Paris considera que a capacidade de oferta adicional este ano, reflectindo novas encomendasde navios porta-contentores após a pandemia, “deverá ajudar a dar resposta ao aumento da procura de transporte marítimo e às pressões moderadas sobre os custos”.
No entanto, adverte que “tal como se viu durante a pandemia e nas suas consequências imediatas, os custos de envio mais elevados aumentarão os preços, especialmente de mercadorias”.
A OCDE alerta ainda que as tensões geopolíticas constituem um risco significativo a curto prazo para a actividade e a inflação, especialmente se o conflito no Médio Oriente perturbar os mercados energéticos.
“A persistência das pressões sobre os preços dos serviços também poderá gerar surpresas ascendentes em termos de inflação e desencadear uma reavaliação dos preços dos mercados financeiros, à medida que as expectativas de flexibilização da política monetária forem reavaliadas”, refere.
Para a organização, o crescimento também poderá ser mais fraco do que o projectado se os efeitos persistentes dos anteriores aumentos das taxas directoras forem mais fortes do que o esperado.
A OCDE prevê que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global diminua para 2,9% em 2024, de 3,1% em 2023, antes de recuperar para 3% em 2025, à medida que as condições financeiras melhorarem.
Recomenda ainda que a política monetária continue restritiva na maioria das principais economias durante “algum tempo”, apesar de considerar que existe margem para reduzir as taxas de juro directoras à medida que a inflação diminui.