Dois meses depois de ter condenado a Airbus, a Organização Mundial do Comércio (OMC) decidiu que também a Boeing recebeu ajudas ilegais, no caso do governo dos EUA.
De acordo com a decisão preliminar agora emitida, a OMC considera que a Boeing beneficiou de isenções fiscais, de ajudas encobertas da NASA para desenvolver novos aviões e de descontos à exportação.
O valor total dos incentivos públicos recebidos pelo construtor norte-americano não é nomeado, mas diversas fontes apontam para que poderá chegar aos 18,5 mil milhões de euros. Não se sabe também se a Boeing terá de devolver algumas dessas ajudas.
Em Junho, a OMC já havia condenado a Airbus pelo mesmo motivo: as ajudas públicas concedidas pelos governos europeus ao desenvolvimento de novos aviões. No caso, a organização internacional instou a EADS (a casa-mãe da Airbus) a devolver os 3,3 mil milhões de euros recebidos para a criação do A380.
A condenação da Boeing coloca, em princípio, um ponto final num processo e numa disputa que remonta a 2004. Na altura a Boeing apresentou uma queixa formal contra a Airbus na OMC, e a Airbus retorquiu na mesma “moeda”.
As decisões agora conhecidas demonstram que ambos os construtores tinham razão, relativamente ao outro, e ambos tinham culpas próprias.
Interpretando esses resultados, a Airbus já deu o primeiro passo para o futuro, desafiando a Boeing para uma negociação conjunta das novas regras do mercado. Nomeadamente no que toca aos incentivos públicos ao desenvolvimento de novos aparelhos. Com isso evitando novas disputas transatlânticas, mas também prevenindo o que poderá acontecer, em termos de concorrência, com a projectada entrada da R.P. China no mercado mundial da construção de grandes aviões.