João Silva
Presidente da AGEPOR
O ano de 2021 foi um ano marcante, ao qual ninguém ficou indiferente e após o qual nada ficará igual.
Podemos com toda a certeza afirmar que a complexidade, dificuldade e desafios para a vasta maioria dos setores de atividade foram os vetores mais significativos do ano findo.
Com um início dramático em termos sanitários, com centenas de mortes diárias derivadas da pandemia SARS- COV2 apenas no nosso País, continuando com todas as vicissitudes inerentes a uma recuperação económica titubeante, também o sector logístico, onde os Agentes de Navegação naturalmente se integram, não fugiu à regra sofrendo, adicionalmente, o impacto de várias condicionantes que abalaram fortemente as cadeias de abastecimento e de transporte a nível global.
Foram desafios constantes, com constrangimentos que marcaram o nosso dia a dia, e de uma imprevisibilidade nunca antes sentida no nosso tempo.
Foi impressionante e marcante observar o esforço e capacidade de resistência das empresas portuguesas, da sua capacidade tática de adaptação às novas e monstruosas condicionantes, e particularmente gratificante vê-las a ultrapassar os obstáculos cada vez mais preparadas para o próximo.
Os Agentes de Navegação, como peças chave no desenho do comércio internacional do nosso País, estiveram, mais uma vez, à altura dos desafios. Nunca parando, sempre perseverando, inovando e batalhando, mantiveram, juntamente com os seus parceiros de cadeia logística, os caminhos das cargas sempre abertos permitindo o regular funcionamento da nossa economia mesmo durante os períodos mais turbulentos. Os seus conhecimentos, a sua experiência, a sua proximidade, quer aos seus clientes quer a todos os outros stakeholders, públicos e privados, foram, mais uma vez, postos à prova – talvez a sua maior prova – com um sucesso apenas apanágio das empresas mais robustas e preparadas.
Temos no Plano de Recuperação e Resiliência um instrumento vital para deixar obra estrutural em toda a nossa sociedade e fazer descolar, finalmente, a nossa economia num rumo produtivo e moderno tornando-a capacitada para enfrentar os desafios do futuro.
O ano de 2022 inicia-se ainda sob um manto de incertezas. Um início marcado, e muito, pela pandemia, mas também por questões económicas e financeiras de desenvolvimento e consequências incertas.
Destas, devo destacar o nível de inflação, cujo aumento recente não deixa de causar preocupação pelo seu impacto no custo de vida dos cidadãos e das empresas, quer seja pelo aumento direto dos preços quer seja pelo aumento do custo dos empréstimos incorridos.
Apesar da conjuntura e das nuvens que sobre nós pairam estou convicto que, ao bom estilo dos nossos antepassados descobridores, navegaremos mais uma vez sobre as águas turbulentas e dela sairemos mais fortes.
Esta convicção não deriva de uma esperança vã, mas sim de sinais, resultados, obra e ações específicas:
- Os 700.000 TEUS atingidos em 2021 no Porto de Leixões, assim como as obras de prolongamento do molhe e lançamento do concurso para um terminal de águas profundas neste porto;
- Um record de 5,7 Milhões de toneladas movimentadas pelo Porto de Aveiro;
- A concretização, há muito ambicionada, da navegação noturna em Aveiro.
- Crescimento de 12% em 2021 das escalas de navios em Viana do Castelo e grande dinamismo da sua renovada Comunidade Portuária;
- O projeto de melhoria da acessibilidade marítima ao porto da Figueira da Foz, já com a garantia dos privados de parte do investimento necessário.
- A assinatura do novo contrato de concessão da Yilport Liscont, em Lisboa, que assegura a permanência daquele terminal em operação, pelo menos até 2038, e cria condições para a sua modernização e desenvolvimento.
- As novas acessibilidades marítimas em Setúbal, que dispõe agora de um acesso com maior calado abrindo as portas às escalas de navios maiores.
- O crescimento dos contentores movimentados no porto de Sines e o progresso das obras de expansão do Terminal XXI dotando-o da capacidade para concorrer de forma eficaz com outros terminais da zona de cruzamento do Mediterrâneo com o Atlântico.
São, por um lado, sinais importantes da vitalidade do nosso tecido empresarial e, por outro, obras e medidas importantes que sinalizam uma vontade de avançar e criar condições para o desenvolvimento do setor logístico e marítimo, em particular, e da economia portuguesa em geral. Há, no entanto, condições e uma necessidade de fazer muito mais.
Temos no Plano de Recuperação e Resiliência um instrumento vital para deixar obra estrutural em toda a nossa sociedade e fazer descolar, finalmente, a nossa economia num rumo produtivo e moderno tornando-a capacitada para enfrentar os desafios do futuro.
Haja condições e vontade política para apoiar e permitir que estas, e outras medidas, tenham o seu impacto máximo. O País agradece e os Agentes de Navegação cá estarão para participar e moldar a História