O ambiente tem de deixar de ser visto como uma ameaça aos portos, para passar a ser visto como uma vantagem competitiva.
Os portos têm de deixar de ter um papel inativo e defensivo ou reativo, para terem um papel ativo, e mais que isso, proativo no que respeita ao ambiente.
Apenas desta forma os portos poderão conviver com as comunidades locais, gerir os conflitos e ganhar espaço para poderem continuar a operar e a expandir, tendo assim uma vantagem competitiva perante outros que estão ameaçados pelas comunidades e falham em termos ambientais.
Doutra forma, a norma passará a ser “sai o porto e entra a cidade”, levando sempre o porto a expandir para fora da cidade e a cidade a perseguir o porto.
Mas como a cidade se expande a maior velocidade que o porto, a determinado momento, o porto pode desaparecer, como tem sucedido em vários casos a nível mundial.

A relação entre os ecossistemas vivos é baseada na prosperidade dos seus seres e na procura por bens de capital tangíveis e intangíveis, o que inclui capital natural, capital humano, capital social, capital cultural, capital industrial e capital criativo (Jansen, 2021).
A invisibilidade dos ecossistemas, ar, mar, terra e florestas, levou à degradação dos ecossistemas, da biodiversidade e a impactos negativos na vida humana e do planeta, podendo a prazo levar à degradação da vida humana, com a subida da temperatura média.
Mas como a cidade se expande a maior velocidade que o porto, a determinado momento, o porto pode desaparecer, como tem sucedido em vários casos a nível mundial.
Assim, os ecossistemas têm de passar a ser o foco central dos portos quanto aos objetivos de desenvolvimento sustentado, em termos económicos, sociais e da biosfera.
Os portos têm de passar de uma atitude pouco transparente quanto à poluição e de planos de ação baseados no estudo do impacto ambiental, na medida da qualidade do ar e da água, na gestão de emissões zero, na mobilidade elétrica ou do shore-power supply, para atitudes proativas de colaboração com os objetivos da sociedade.
São exemplos ter um modelo de governação sustentável e participado, o diálogo permanente com a comunidade local, o apoio ao turismo e à cultura, o aproveitamento da energia das marés, projetos de hidrogénio, promoção do emprego local, apoio desportivo e cultural às comunidades locais, educação ambiental de alunos e colaboração com as universidades na investigação de soluções ambientais, limpeza de áreas contaminadas e compensação, com o apoio a associações, promoção da conservação de espécies animais e vegetais, promoção da economia circular, incubadores da economia azul, a neutralidade carbónica, entre outras práticas.
Este é um tema que os portos mundiais terão de abordar de frente para poderem manter o seu papel na sociedade e operar.
VÍTOR CALDEIRINHA