Miguel Pais do Amaral diz que o tempo para a apresentação da proposta foi curto. Lembra que em 2014 foi o Governo que o convidou a estudar o dossier. Confirma que o consórcio por si liderado apresentou três condições. E promete continuar atento ao processo.
“Pedimos um prazo adicional para podermos analisar o impacto da greve [dos pilotos realizada entre 01 e 10 de Maio] nas contas, precisávamos de mais seis semanas para analisar a greve que ocorreu cinco dias antes da data de entrega da proposta”, explicou o empresário à “Lusa”, depois de conhecida a decisão do Governo de o afastar da privatização por não cumprir com o caderno de encargos.
“Esta foi uma greve brutal que vai ter um impacto enorme nas contas da empresa”, sublinhou.
Por outro lado, devido “à degradação da situação da empresa”, o consórcio pedia que “houvesse da parte do Estado uma tomada de medidas junto dos credores para obter condições satisfatórias sobre a dívida”, acrescentou.
Miguel Pais do Amaral salientou que a partir do momento em que o Estado saia da TAP, os credores podem vir reclamar a dívida da operadora aérea, a qual é superior a mil milhões de euros. “Era essencial que o Estado desse esse apoio”, considerou o empresário.
A terceira condição dizia respeito à “necessidade de obtenção de um acordo de médio/longo prazo com os sindicatos”, disse.
Ou seja, o consórcio da Quifel pretendia que se estabelecesse um acordo prévio com os sindicatos, que garantisse ao novo dono paz social no grupo TAP.
“Estas são as três condições que não se enquadram no caderno de encargos”, mas que uma “análise menos rigorosa permitiria passar”, apontou.
O empresário lembrou que tinha apresentado uma proposta para a compra da transportadora aérea portuguesa em Julho do ano passado, “a pedido do Governo” com a indicação de que o processo arrancava em Setembro. Se a privatização tivesse ocorrido na altura, o empresário diz que teriam “tido tempo”, já que o curto espaço para a apresentação da proposta vinculativa “prejudica um consórcio com as características” como o por si liderado, que não é uma companhia aérea e necessita da aprovação dos investidores, explicou.
Ou seja, se não tivesse havido “múltiplos atrasos” no processo de privatização, que já tinha sido suspenso em 2012, o consórcio teria tido a possibilidade de “reunir todas as condições necessárias”.
Pais do Amaral adiantou que continua interessado na TAP, pelo que vai “esperar calmamente” pelo desenrolar do processo: “Caso não se concretize [a privatização], o nosso interesse mantém-se”.