A assembleia geral de accionistas da Groundforce deliberou hoje a “destituição por justa causa e com efeitos imediatos” de Paulo Leite, ex-CEO, por alegados actos de gestão “que lesaram a empresa”.
Em comunicado, a Pasogal, de Alfredo Casimiro, principal accionista Groundforce, refere que foi decidida hoje, “por unanimidade, a destituição por justa causa e com efeitos imediatos do Eng. Paulo Leite, que foi até há pouco o CEO da empresa”.
“Ao CEO e à Comissão Executiva exigia-se o foco total na gestão do dossier do empréstimo bancário no valor de 30 milhões de euros, com aval do Estado (através do Banco de Fomento), de que a empresa dependia para sobreviver”, diz o comunicado, que acusa Paulo Leite de uma actuação “pautada por jogadas e intrigas políticas, por omissão de informação, por mentiras e por manobras pérfidas que tiveram como único objectivo a desestabilização da empresa, o prejuízo da imagem pública e privada dos seus accionistas”.
Segundo a mesma nota, o alegado objectivo seria “operar o tão noticiado MBO [management buy-out], que só a ele interessava e que pretendia afastar de cena o accionista que o tinha nomeado”.
“A atitude do Eng. Paulo Leite, nomeadamente a sua conduta no processo do empréstimo e nos eventos que se lhe seguiram, estão a ser objecto de uma rigorosa auditoria legal e o Conselho de Administração da Pasogal não afasta a hipótese de o vir a responsabilizar criminalmente por gestão danosa, designadamente pela utilização e divulgação a terceiros de informação sigilosa da empresa e dos seus accionistas, obtida no âmbito das suas funções de administrador”, admite ainda a Pasogal.
“A conduta desleal e irresponsável do Eng. Paulo Leite colocou em risco todo o trabalho que foi desenvolvido na empresa desde a sua reprivatização, em 2012, e destruiu muito do valor criado pelos trabalhadores e directores da empresa”, remata, na mesma nota.
TAP absteve-se
O comunicado da holding de Alfredo Casimiro fala em unanimidade da decisão de afastar o ex-CEO, mas o facto é que a TAP se absteve na votação da proposta, segundo avança a “Lusa”, citando a declaração de voto.
De acordo com a declaração de voto, “a TAP – Transportes Aéreos Portugueses, SGPS, S.A. não adere à proposta de deliberação apresentada pela Pasogal, SGPS, S.A. no âmbito do ponto um da ordem de trabalhos, nem aos respectivos fundamentos”.
A TAP refere que discorda “expressamente das alegações constantes desta proposta no que se refere aos contratos de compra e venda e de aluguer de bens móveis celebrados em 19 de Março de 2021 entre a Transportes Aéreos Portugueses, S.A. e a SPdH – Serviços Portugueses de Handling, S.A. [Groundforce] e à deliberação adoptada pelo Conselho de Administração da SPdH – Serviços Portugueses de Handling, S.A. de 19 de Março de 2019 que aprovou a sua celebração”.
Entende que “os mencionados contratos estão plenamente válidos e em vigor e que a deliberação do Conselho de Administração da SPdH – Serviços Portugueses de Handling, S.A. de 28 de Abril de 2021, que é mencionada na proposta de deliberação da Pasogal, SGPS, S.A., relativa ao ponto um da ordem de trabalhos, se encontra viciada por ter sido aprovada apenas por uma parte dos administradores presentes nessa reunião”, refere, na declaração de voto.
“Nesse sentido, a TAP – Transportes Aéreos Portugueses, SGPS, S.A. decide abster-se”, acrescenta.
Notícia actualizada às 22 horas