As perdas de contentores no mar mais do que duplicaram em 2024, face a 2023, em grande parte devido ao desvio dos navios do Canal do Suez para a Rota do Cabo, divulgou o World Shipping Council (WSC).
No seu Containers Lost at Sea Report 2025, o WSC calcula que no ano passado foram perdidos no mar 576 contentores, número que compara com os 221 registados em 2023. Ainda assim, sublinha, o resultado de 2024 ficou longe da média de perdas anual dos últimos dez anos, que é de 1 274 contentores. E, por outro lado, representa apenas 0,0002% dos cerca de 250 milhões de contentores que terão navegado em 2024.
A principal razão apontada para o aumento dos sinistros é o desvio dos navios, do Canal do Suez para a Rota do Cabo, por causa da instabilidade na região do Mar Vermelho. Prova disso é que as autoridades marítimas da África do Sul reportaram a perda de 200 contentores nas águas da região.
“Apesar dos esforços contínuos na prevenção de perdas, o redireccionamento dos trânsitos pelo Cabo da Boa Esperança para manter o comércio global em movimento tem feito as transportadoras marítimas navegarem numa das rotas mais desafiadoras do mundo, conforme destacado neste relatório”, destacou o presidente e CEO do WSC.
Na verdade, a navegação no Cabo da Boa Esperança é dificultada pelas tempestades que ocorrem na região na época invernosa, entre Junho e Agosto. Assim foi em 2024 mas, curiosamente, no ano corrente não está a repetir-se, pelo menos com a mesma intensidade.
“O relatório deste ano confirma que a grande maioria dos contentores é transportada em segurança pelos oceanos. Mesmo assim, mesmo um contêiner perdido já é demais”, comentou Joe Kramek.
Entre os casos mais graves de perdas de contentores no mar, no ano passado, estiveram os acidentes do CMA CGM Belem (perdeu cerca de 99 contentores), do CMA CGM Benjamin Franklin (44) e do MSC Antonia (46).
Actualmente ainda não é obrigatório reportar os casos de contentores perdidos no mar, pelo que os números apurados poderão não corresponder integralmente ao universo de perdas. A esse respeito, o WSC defendeu novos regulamentos da IMO exigindo que todas as perdas sejam relatadas a partir de 1 de Janeiro de 2026.
O mar (mau tempo) é o culpado de tanta perda de contentores? não é.
Alguns exemplos:
– O plano de peamento (lashing plan) será(alegadamente) adequado em muitos casos, embora aprovado pela bandeira ou geralmente por sociedades classificadoras em sua representação?
-Quando o navio larga o referido plano é cumprido?
-Quando o mar está alteroso ou tempestuoso o navio toma sempre cuidados como reduzir a velocidade e/ou alterar o rumo para suavizar o balanço transversal?
– A carga estivada dentro dos contentores cumpre sempre as regras?
Outras questões se podem levantar mas isso “daria pano para mangas…”
Completamente de acordo com o “pensamento” de Helder Almeida!