O Baltic Dry Index afunda-se para níveis abissais e sucedem-se as notícias de falências de operadores. Mas a Portline Bulk International está bem e recomenda-se, garante a directora executiva da companhia, Cristina Alves, em declarações ao TRANSPORTES & NEGÓCIOS.
Num momento em que cada vez mais companhias tratam de vender os seus navios na luta pela sobrevivência, a Portline B.I. aguarda para este mês a entrega de mais um Ultramax, a que se juntarão outros dois “irmãos”, em Maio e Junho, e mais dois ao longo de 2017, anuncia aquela responsável.
O Baltic Dry Index (BDI) está a castigar sobretudo os navios capesize, e desses a Portline B.I. apenas tem um, explica Cristina Alves. Por outro lado, o Indice revela a evolução dos preços no mercado spot, e a Portline tem quase todos os seus navios (o capesize incluído) contratados a prazo, acrescenta.
Ainda assim, avisa, as perspectivas de evolução do BDI não são animadoras para o curto/médio prazo e, problema transversal a todos os tipos de navios, os fretes não pagam os custos operacionais.
TRANSPORTES & NEGÓCIOS – Como “lê” a evolução recente do BDI e como perspectiva o futuro próximo?
Cristina Alves – O BDI é um índice que relaciona e consubstancia os principais sectores da carga seca em termos de tipologia de navio: Capesize, Panamax, Supramax e Handysize. O que se está a passar actualmente com a carga seca a granel é transversal aos outros sectores do shipping, com a excepção dos navio -tanque (petroleiros): demasiada oferta para a presente procura.
Dado que a crise económica mundial e o afrouxamento da economia chinesa (que condicionam a procura) não se irão alterar de um dia para o outro, e que o número de navios (a oferta) continua a aumentar (de notar que o número de abates ainda não compensa o numero de entregas de novas construções), não vejo condições para melhorias significativas a curto ou médio prazo.
T&N – Sendo o BDI o reflexo do mercado spot, em que medida é que a sua evolução influencia o dia-a-dia da Portline B.I.?
Cristina Alves – A PBI coloca os navios em tipos diferentes de contratos: médio prazo, curto prazo e spot – ou seja, entre 12/18 meses, entre 3/6 meses, e à viagem. De momento, dos 12 navios que gerimos, só dois se encontram no mercado spot.
T&N – Nem todos os tipos de navios “sofrem” na mesma medida com a erosão dos fretes. A ser assim, qual é a situação da Portline B.I.?
Cristina Alves – De facto, o mercado de Capesize é o mais volátil, seguido dos Panamax. A PBI só gere um navio Capesize, que está fechado a um bom frete e portanto não tem sofrido com a queda brutal deste sector. Todos os nosso outros navios são Supramax, que sofrem variações menos drásticas. Contudo, o mercado de momento está muito baixo para qualquer sector do Dry Bulk e os valores actuais do spot não cobrem os custos operacionais dos navios. Mas, como disse, só dois dos navios se encontram nessas circunstâncias, todos os outros estão a salvo do “massacre” a que estamos a assistir no Dry Bulk.
T&N – Entretanto, a Portine B.I. tem prevista a recepção de mais navios…
Cristina Alves – A PBI vai receber uma nova unidade em meados de Fevereiro, e mais dois “sister ships” em Maio e Junho. Trata-se de navios Ultramax – a evolução moderna dos Supramax – graneleiros de cerca de 61,200 toneladas de DWT, com 4 gruas de 30,5 tons e garras de 14 m3 de volume. São navios para operar em todo o mundo, todos os tipos de cargas a granel (excepto as perigosas) e que por terem aparelho de carga próprio lhes permite uma grande flexibilidade, podendo escalar zonas com poucas facilidades operacionais ao nível portuário.
T&N – Para 2017 estão previstos mais dois navios. Confirma?
Cristina Alves – De facto, em 2017 iremos receber mais dois graneleiros dos estaleiros da IMABARI (Japão), ambos Ultramax, de 63,000 tons de DWT.
T&N – Qual é a frota actualmente operada/gerida pela Portline B.I.?
Cristina Alves – Um navio capesize de 176,000 tons DWT, e 11 Supramax: 3 (sister) de 52,000 mtons DWT, 3 (sister) de 58,000 mtons DWT, 3 (sister) de 57,000 mtons DWT, um navio de 51,000 DWT e outro de 53,000 DWT.
T&N – No meio de tantos anúncios de falências, de vendas de navios para reduzir passivos, etc., como classifica a performance da Portline B.I.?
Cristina Alves – A PBI é uma empresa sólida, com uma estratégia muito cuidadosa dos seus recursos. A experiência e o know-how desta equipa, que já passou por muitas situações de mercado, possibilita uma visão do shipping muito eficiente, reduzindo ao mais possivel a exposição às variações de mercado, fazendo contratos só com parceiros de 1ª classe, e isso permite-nos alguma serenidade nas alturas mais críticas. O shipping faz-se de ciclos, e o segredo para os ciclos negativos é cerrar os dentes e aguentar firme até que a “tempestade” passe, tal como um bom navio. E o material deste “navio PBI” é de grande qualidade, robusto e seguro.