O porto de Aveiro perdeu o único serviço regular de contentores que tinha. Na sequência de uma parceria com a CMA CGM, a Ellerman City Liners mudou-se para Leixões.
Durou pouco mais de ano e meio o serviço da Ellerman City Liners no porto de Aveiro. O fim das escalas regulares – no passado dia 9, segundo conseguiu apurar o TRANSPORTES & NEGÓCIOS – terá apanhado todos, ou quase, de surpresa.
Foi em Novembro de 2022 que a Ellerman City Liner estreou o seu primeiro serviço de short sea, e logo com escalas em Setúbal e – novidade! – em Aveiro. Na altura, Fernando Delgado, o representante da companhia para o mercado português, disse ao TRANSPORTES & NEGÓCIOS: “Queremos diferenciar-nos no mercado e ir onde os outros não vão. Além do que Aveiro tem um enorme potencial, servindo uma vasta região no Norte e Centro do país”.
Na verdade, o serviço quinzenal rapidamente evoluiu para semanal e os volumes movimentados foram crescendo, ao ponto de Aveiro ultrapassar o porto da Figueira da Foz. Nos primeiros quatro meses do ano corrente (dados da AMT) foram movimentados 7,3 mil TEU; nos primeiros seis meses (dados da APA) contaramse 97 mil toneladas de carga contentorizada.
Entretanto, no início do mês, a companhia britânica anunciou uma parceria com a CMA CGM para as ligações entre a Península Ibérica, o Norte da Europa e o Reino Unido, com as escalas em Portugal a acontecerem em Setúbal e Leixões. O texto era omisso sobre Aveiro.
A nova rotação semanal é Roterdão, Cadiz, Setúbal, Leixões, Ferrol, Tilbury, Dunquerque e regresso a Roterdão. O serviço é operado por dois navios de 1 400 TEU da CMA CGM.
Com o fim do serviço da Ellerman, em Aveiro teme-se o regresso à estaca zero nos esforços para captar – e fixar – um serviço regular de contentores. Apesar do reconhecido potencial do hinterland, e apesar da proclamada aposta europeia no short sea shipping e do imperativo da descarbonização dos transportes.
O TRANSPORTES & NEGÓCIOS tentou ouvir Fernando Delgado, sem sucesso até ao momento.
Porto de Aveiro encontra-se na mesma encruzilhada que Leixões, são demasiado pequenos à escala Ibérica e Europeia. Sem ampliação e dragagens serão completamente inúteis, ainda mais com a construção da nova linha férrea entre Elvas e Évora com ligação aos portos de Lisboa – Setúbal até Sines. Fundam imediatamente Leixões & Aveiro !
Talvez o problema não seja esse, mas sim o facto de a Ellerman ter feito um acordo de serviço feeder com a CMA-CGM, o qual teria de ser feito em Leixões.
Os portos “pequenos” (e de notar que em Portugal só Sines é que não é considerado um “small and medium port” ao nível Europeu) deviam procurar outros portos Europeus da mesma dimensão e estabelecer parcerias com condições especiais para atrair linhas de short sea/TMCD para carga intra-europeia e não a misturar com carga feeder, que só prejudica a primeira, ficando muitas vezes para trás, no cais, porque se dá prioridade à carga feeder e aos compromissos estabelecidos com a mesma.
Na minha modesta opinião a solução seria a de fundir Leixões e Aveiro num único porto e o mesmo recomendo para Lisboa e Setúbal. Deviam os 2 fundir-se a Norte e a Sul para sobreviverem. São demasiado pequeninos estes micro-portinhos !!
Deveria existir mais aposta na ferrovia. Andam a passear contentores por rodovia de Leixou e Sines para Aveiro sem nenhum sentido. Era um win-win para todos e uma grande ajuda à descarbonização. O Porto de Aveiro parece estar muito dependente da PTM, não havendo muita margem para outros players.