Os congressos da APLOP têm aproximado os portos de língua portuguesa e favorecido as trocas entre eles, não só de mercadorias mas também de conhecimentos, com vantagens claras para os portos nacionais, sustenta Vitor Caldeirinha, presidente da Associação dos Portos de Portugal, em declarações ao TRANSPORTES & NEGÓCIOS.
Maputo será, durante dois dias, amanhã e depois, a capital dos portos de língua oficial portuguesa. O porto da capital moçambicana recebe o 8.º Congresso da APLOP, sucedendo a Lisboa, Rio de Janeiro, Mindelo, Luanda e Lobito.
Portugal estará representado no encontro por responsáveis das principais administrações portuárias, pelo presidente do IMT, João Carvalho, em representação do Governo, e por António Belmar da Costa, director executivo da Agepor.
Na véspera do encontro, o TRANSPORTES & NEGÓCIOS falou a propósito com Vítor Caldeirinha, presidente da Associação dos Portos de Portugal.
T&N – Expectativas para mais este Congresso da APLOP?
Vítor Caldeirinha – Os grandes objectivos são a criação de grupos de trabalho nas vertentes da facilitação de procedimentos aduaneiros, a criação da Marca de Qualidade dos Portos da CPLP (visando a estrandarização de procedimentos nas cargas e navios e a facilitação do desembaraço), e o aumento da colaboração em matéria de armadores de língua portuguesa para explorar conjuntamente as oportunidades do Atlântico.
T&N – Pela primeira vez os agentes de navegação portugueses também participarão (ainda António Belmar da Costa intervenha como orador em representação da 2E3S). Qual é o objectivo?
Vítor Caldeirinha – Para além das questões da formação e da 2E3S, a proposta é que os agentes de navegação criem um grupo de trabalho na APLOP com vista a definirem os requisitos da Marca de Qualidade dos Portos da CPLP, que todos portos deverão cumprir para serem certificados em termos de procedimentos e qualidade de serviço. Isto poderá facilitar a criação de uma rede de qualidade de serviços portuários no espaço da CPLP que nos conduza a sermos a ligação entre os continentes do Atlântico.
T&N – Quais são as principais “novidades” da actualização do estudo de mercado?
Vítor Caldeirinha – As principais novidades são a actualização de dados realizada no final de 2013 e início de 2014, com elementos de todos os países e portos relativos a 2012, bem como a definição deste objectivos concretos que referi, como medidas para implementar um espaço portuário único e de qualidade que leve as cargas a preferir os portos da CPLP.
T&N – Em termos práticos, os portos nacionais têm beneficiado o quê – em volumes movimentados, em oferta de serviços, etc.. – com a existência da APLOP?
Vítor Caldeirinha – A APLOP tem vindo a permitir um intercâmbio muito grande entre autoridades portuárias e outras nos domínios da consultoria, formação, troca de conhecimentos e melhoria dos procedimentos dos portos da CPLP que levam à facilitação do comércio entre estes portos.
E os tráfegos têm aumentado muito. E a qualidade dos serviços tem aumentado muito em todos os portos.
Muito importante é também a troca de conhecimentos entre empresas e operadores, empreiteiros, consultores, empresas de sistemas de informação, advogados, etc, que estes encontros proporcionam, facilitando os negócios entre empresas.
Por exemplo, a JUP portuguesa tem vindo a ser implementada em vários portos da CPLP. Os centros de formação portugueses têm recebido vários formando de portos da CPLP, e as linhas marítimas têm vindo a incrementar o seu tráfego entre estes portos, servindo até os países vizinhos.