Os trabalhadores portuários gregos voltam amanhã à greve, em protesto contra os planos do governo para a privatização dos portos, e ganharam um aliado improvável no presidente do porto de Pireu.
A greve de 24 horas a ser cumprida será apenas o primeiro momento de uma vaga de protestos que ameaça paralisar os portos gregos durante o Verão. Os trabalhadores portuários contestam o plano de privatizações do sector, com que o governo socialista quer reduzir o endividamento do país.
Até ao final do ano deverão ser vendidos os 75% que o Estado detém nos portos de Pireu e de Salónica, os maiores do país. Nos dois anos seguintes deverão ser vendidos os restantes portos.
A União dos Trabalhadores Portuários já classificou estas privatizações de “um acto político incompreensível e criminoso”.
O presidente do porto do Pireu, George Anomeritis, juntou entretanto a sua voz ao coro de protestos. O ex-ministro da Marinha grego (uma pasta de grande importância, dada a relevância da actividade na economia helénica) considerou que a privatização é um modelo de negócio obsoleto e lembrou que 96% dos portos da União Europeia estão, de uma forma ou de outra, sob o controlo público. Pediu, por isso, que pelo menos 51% do capital dos portos gregos permaneça público.
Recorde-se que os trabalhadores portuários do Pireu mantiveram um “braço de ferro” com o governo durante mais de um ano, a propósito da concessão de dois dos três terminais de contentores à Cosco. A companhia chinesa pagou cinco mil milhões de dólares por uma concessão de 35 anos.