Portugal deve posicionar-se para aproveitar a oportunidade de haver uma necessidade de mais terminais hub de contentores na região do Estreito de Gibraltar, defende Rui d’ Orey, o presidente da AGEPOR, em entrevista ao TRANSPORTES & NEGÓCIOS.
O líder dos agentes de navegação lembra a propósito que “há vários grandes operadores portuários mundiais de terminais de contentores que ainda não têm oferta [de terminais] nesta zona e que vão querer ter. E nós devemos posicionar-nos para captar essa oferta”.
E para isso, acrescenta Rui d’Orey, “devíamos abrir todas as possibilidades: Lisboa, mas também Sines e Setúbal”.
No caso de Lisboa, “não acho que o futuro [do porto] passe por ter um hub. Mas acho que Lisboa pode ter essa oportunidade, e se ela existir deve ser aproveitada”.
O projecto do terminal do Barreiro é polémico (coisa que o dirigente considera “normal, porque há perguntas que têm de ser respondidas”), desde logo pela sua localização na margem Sul. Reconhecendo embora que o ideal seria ter mais capacidade na Margem Norte, Rui d’Orey lembra que se no imediato se pode dizer que o mercado está na Margem Norte e o terminal estará na Margem Sul, no médio/longo prazo a situação poderá alterar-se com a localização de operadores logísticos e actividades industriais na envolvente do novo terminal.
O importante mesmo, reforça, é dizer aos armadores o que vai acontecer no médio/longo prazo. “Porque cada vez mais o que está em jogo são cadeias logísticas. E os armadores olham para horizontes temporais mais dilatados”.
Essa falta de definição quanto ao futuro terá sido, de resto, na opinião de Rui d’Orey, a par da instabilidade laboral, “uma das razões da quebra de Lisboa, enquanto Sines e Leixões cresceram”.
O aumento da capacidade instalada nos portos nacionais, proposto pelo IEVA, plasmado no PETI, subscrito pela AGEPOR, é essencial também, sustenta o empresário, para “melhorar a conectividade do País” e, logo, “favorecer a competitividade das exportações, essencial ao desenvolvimento socio-económico sustentável”.
“É muito importante manter o foco nas exportações. Até para contrabalançar o aumento das importações que resultará da desejada melhoria das condições de vida do País. E os portos são essenciais para realizar esse desígnio”.
A fixação de terminais hub, “com tráfegos de transhipment, é também importante para criar a massa crítica que o País, pela sua dimensão, não oferece”. Com isso beneficiando também o hinterland e, de novo, as exportações (mas também as importações), por força do maior número de serviços directos disponíveis nos portos, explica Rui d’Orey.