Portugal foi terceiro – entre 30 países europeus – no ranking do encerramento de linhas ferroviárias, e repetiu o lugar no que toca à expansão da rede rodoviária, sustenta a Greenpeace.
Entre 1995 e 2018, a rede ferroviária nacional encolheu 18%, com o encerramento de oito linhas, num total de 460 quilómetros. No mesmo período, a rede rodoviária lusa cresceu 2 378 quilómetros, estima a associação ambientalista com base em dados públicos.
A diferença de tratamento reflectiu-se também, claro, no investimento. Os gastos com a rodovia ascenderam, no período considerado, a 23,4 mil milhões de euros, valor que compara (?) com os 7,65 mil milhões aplicados na ferrovia.
Em resultado desta política, com o fecho de uma centena de estações, a Greenpeace calcula que mais de 100 mil portugueses terão perdido o acesso ao comboio para as suas deslocações.
Em 2022, a rede ferroviária portuguesa contava 3 622 quilómetros, mas apenas 2 527 estavam em uso, s4egundo a associação ambientalista, que sustenta que facilmente seria possível reactivar seis das oito linhas, numa extensão de 379 quilómetros.
O estudo considera 30 países europeus, ou seja, os estados-membros da UE, o Reino Unido, a Noruega e a Suíça. E tendência de desinvestimento na ferrovia, pode-se dizê-lo, é geral.
Entre 1995 e 2022, a rede ferroviária dos países considerados regrediu 6,5% em extensão, ao passo que a rodoviária cresceu 60%.
“A Europa tem sistematicamente esvaziado as suas linhas regionais e suburbanas, deixando-as num estado desolado em muitas regiões. Ao mesmo tempo, injecta somas enormes em estradas para carros devoradores de gasolina, que fazem aumentar a crise climática”, sublinhou o porta-voz da Greenpeace para a campanha Mobilidade para Todos, citado no comunicado emitido a propósito do estudo.
No texto, a organização ambientalista deixa ainda uma mensagem expressa para Portugal e para o Governo português, mas a propósito do projecto do Novo Aeroporto de Lisboa, para pedir o seu abandono:
“Face à crise climática, nenhum país devia estar a fazer planos destes. A Greenpeace pede ao Governo português que cancele este projecto e, em vez disso, invista na reabertura de linhas de comboio nacionais, e introduza serviços internacionais, que possam substituir as deslocações aéreas, pelo menos para Espanha e Sul de França”, é dito.