Álvaro Maia Seco classifica de “incompetente, irresponsável e cínica” a intenção do Governo de extinguir a Metro do Mondego, passando o projecto para a Refer.
O presidente da administração da Metro do Mondego formalizou hoje a renúncia ao cargo, em reacção à extinção da empresa, prevista na proposta de Orçamento de Estado para 2011.
Na hora de “bater com a porta”, Álvaro Seco, professor universitário, vereador na Câmara de Coimbra eleito na lista do PS, não poupou nas críticas ao Governo. “De uma forma incompetente, irresponsável e cínica, e demonstrando um total desrespeito pelos cidadãos da Lousã, Miranda do Corvo, e genericamente pelos cidadãos da “província”, o Governo feriu de morte o projecto do metro ligeiro do Mondego”, disse em conferência de imprensa.
Para o gestor, a intenção do Executivo “só não é incompreensível se houver uma intenção clara de acabar com a implementação na região de Coimbra de um sistema integrado de mobilidade suburbana e urbana baseado na ferrovia ligeira”.
A eventual integração do projecto na Refer foi também criticada, porque a gestora de infra-estruturas “não tem nenhuma vocação para implementar, e muito menos para gerir um sistema deste tipo”, afirmou ainda Álvaro Seco.
O até hoje presidente da Metro do Mondego criticou ainda o facto de o Governo ter incluído na proposta de Orçamento de Estado a extinção da Metro do Mondego sem antes ouvir, ou comunicar, aos seus parceiros na empresa.
O Estado detém 53% do capital da Metro do Mondego, a que somam 5% divididos pela Refer e pela CP. O restante capital está repartido pelas câmaras de Coimbra, Lousã e Miranda do Corvo.
O projecto do Metro do Mondego, partindo da reconversão do ramal da Lousã, é velho de anos e conheceu uma reformulação profunda sob a tutela da anterior secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino.
O serviço ferroviário foi interrompido e algumas obras arrancaram, mas nos últimos meses o Governo evitou pronunciar-se sobre o futuro do projecto, tendo inclusivamente forçado – com a sua não comparência – a realização de reuniões da assembleia geral da empresa.
A Refer deveria suportar o investimento na reformulação da infra-estrutura do ramal da Lousã, orçada em cerca de 192 milhões de euros, ao passo que a CP seria a responsável pelo concurso para o fornecimento do material circulante, avaliado em cerca de 60 milhões de euros.