O Arsenal do Alfeite está a recrutar para rejuvenescer os quadros, mas precisa de investimentos para aproveitar as oportunidades de negócio, salienta a presidente da empresa, Andreia Ventura, com críticas veladas ao Governo.
“A Arsenal tem um potencial espantoso, mas é preciso acção” por parte do Governo, advertiu a gestora, que terminou o mandato a 31 de Dezembro.
Como exemplo, Andreia Ventura – que acompanhou uma visita dos deputados da Comissão de Defesa Nacional -, frisou que foi pedida a 25 de Janeiro autorização ao Governo para a transição de saldos próprios da empresa, num montante de oito milhões de euros, para a empresa poder avançar “com investimentos essenciais”.
A responsável destacou a proposta dos estaleiros da alemã TKMS para que a Arsenal reparasse não apenas os submarinos portugueses, mas também os que fabrica para outros clientes, sendo que a TKMS tem “encomendas para as próximas décadas”.
“Não temos dívidas e hoje pagamos a 30 dias e recebemos a 30 dias. A empresa tem hoje um rumo, mas é absolutamente essencial o investimento na modernização da Arsenal para garantir a oportunidade de negócio e o futuro da empresa”, acrescentou Andreia Ventura.
Outro exemplo da falta de “acção” será o não alargamento da doca onde será feita a manutenção do submarino Arpão. Andreia Ventura disse que a reparação do submarino Arpão em Portugal foi uma “opção estratégica, de Estado” e que levou 12 profissionais especializados aos estaleiros do fabricante, na Alemanha, para uma formação que terminará em breve.
Contudo, para que a doca seca do Alfeite pudesse acolher o submarino e ao mesmo tempo continuar a assegurar a reparação dos navios de superfície de Marinha teria sido necessário fazer atempadamente as obras de alargamento da doca. No entanto, a tutela não avançou com as autorizações necessárias e a obra ficou adiada, sendo certo que durante o período em que o Arpão estiver em reparação – 15 meses – a Marinha terá de procurar outras soluções para a manutenção dos seus navios de superfície.
42 novos trabalhadores
A empresa iniciou esta semana o processo de recrutamento de 42 trabalhadores, com admissão prevista para o segundo semestre, depois de recebida a autorização da tutela.
A ideia é rejuvenescer o quadro de pessoal, de 494 trabalhadores, com uma idade média de 48 anos. No ano passado foram recrutados 26 trabalhadores.
O Arsenal do Alfeite, que faz a manutenção e reparação dos navios da Marinha, tem em construção duas lanchas salva-vidas para o Instituto de Socorros a Náufragos.