A primeira aeronave desenvolvida e construída em Portugal deverá estar pronta para certificação no final de 2025, princípio de 2026.
A aeronave, designada por LUS 222, deverá ser produzida numa linha de montagem a instalar no Aeródromo Municipal de Ponte de Sor (Portalegre), criando 300 postos de trabalho directos, anunciaram hoje os promotores.
O memorando de entendimento para que o projecto avance no terreno foi hoje assinado naquele aeródromo alentejano, no decorrer do primeiro dia da “maior cimeira” aeronáutica da Península Ibérica, o Portugal Air Summit, que ali decorre até sábado.
O documento foi assinado pelo município de Ponte de Sor e pela EEA Aircraft, entidade integradora e que assegura o desenvolvimento, industrialização e comercialização a partir de Portugal da aeronave.
Em declarações aos jornalistas, Miguel Braga, do Centro de Engenharia e Desenvolvimento (CEiiA), que integra a EEA Aircraft, explicou que o LUS 222 vai ser uma aeronave regional ligeira, “não pressurizado, de 19 lugares, para dois mil quilos de carga e para dois mil quilómetros de alcance”.
De acordo com o responsável, que estimou que o investimento no projecto ronde os “100 milhões de euros”, trata-se de um avião “muito destinado” aos mercados de África e da América do Sul.
Segundo os promotores, o desenvolvimento de engenharia está fixado no Parque do Alentejo de Ciência e Tecnologia, em Évora, e a industrialização no Aeródromo Municipal em Ponte de Sor.
Em Ponte de Sor, será construída a linha de montagem final de aeronaves, a primeira em Portugal, nomeadamente a cabina de pintura, o centro de manutenção, o centro de treino e formação e os edifícios administrativos.
“O que nós prevemos até ao final de 2025, primeiro trimestre de 2026, é ter a primeira aeronave fabricada para certificação”, disse.
Miguel Braga acrescentou ainda que a unidade fabril de Ponte de Sor terá capacidade para produzir “entre 20 a 30 aeronaves por ano, em velocidade cruzeiro”.
A aeronave, segundo os promotores, contará com versões civil e militar, esrá preparada para aterrar em pistas curtas e não pavimentadas, destina-se em particular aos mercados de África e da América Latina e visa responder a uma demanda estimada de mais de cinco mil aeronaves nos próximos 15 anos.
Questionado sobre o preço de cada aeronave, Miguel Braga escusou-se a revelar esses dados, justificando que não é possível nesta altura “antecipar” valores devido aos sucessivos aumentos de preços no mercado.