O futuro dono da CP Carga não será obrigado a comprar o material circulante da operadora pública, optando antes por alugá-lo. Tal como acontece com a Fertagus.
De acordo com o documento do FMI sobre a quinta ronda de avaliação do cumprimento do memorando da “troika”, o Governo deverá “desenvolver uma análise para a transferência de parte ou do todo do material circulante da CP Carga para uma empresa operacional”, avança o “DE”.
A acontecer, a transferência do parque de material circulante – locomotivas e vagões – da CP Carga para uma nova entidade deverá ficar concluída a tempo da privatização da operadora, agora prevista para o segundo trimestre de 2013.
Recorde-se que aquando da concessão do “comboio da ponte”, a Fertagus começou por adquirir os comboios, que depois foram transferidos para a CP, assumindo o operador privado o pagamento de uma renda mensal pela sua utilização.
Mas se na ligação do Eixo Norte-Sul se trata de uma concessão (que poderá mudar de mãos ao cabo do contrato), no caso da CP Carga trata-se de uma privatização.
A separação do material circulante para a esfera de uma nova sociedade visará, então, tornar a privatização mais atractiva, desde logo pela redução do investimento inicial (não se trata de comprar as máquinas e vagões), mas também por permitir uma maior flexibilidade na gestão da frota pelo novo accionista (que poderá escolher contratar apenas a utilização do material circulante que melhor responda às suas necessidades).
Segundo a informação disponível, a CP Carga detém uma frota de cerca de 60 locomotivas e 3 000 vagões. Destacam-se as 25 locomotivas eléctricas Série 4 700 adquiridas à Siemens, e os 300 vagões-plataforma comprados à EMEF. Em ambos os casos, tratou-se de investimentos vultuosos.
Note-se que o acordo com a “troika” prevê também que, antes da privatização, sejam retirados à CP Carga os terminais que actualmente detém.