Apesar do contrato já assinado, da injecção de 150 milhões de euros e da encomenda de novos aviões pelos novos donos da TAP, António Costa insiste em que há condições para negociar a manutenção da maioria do capital da companhia na esfera pública.
“Acho que é possível e razoável fazer isso, e é do interesse de todos que assim seja”, afirmou o líder do PS, ontem à noite, em entrevista televisiva.
“Acho que é possível, com toda a serenidade, no quadro da lei e em negociação com os compradores alcançar o objectivo do Programa de Governo” do PS de “ter 51% do capital” da transportadora na esfera pública. “É o que se vai fazer”, acrescentou.
O consórcio Atlantic Gateway, de Humberto Pedrosa e David Neeleman, adquiriu 61% do capital da TAP e poderá chegar aos 66% se ficar também com as acções reservadas aos trabalhadores da companhia.
O contrato de compra e venda foi assinado na semana passada. Entretanto, o consórcio injectou 150 milhões de euros na empresa e formalizou com a Airbus a encomenda de 53 aviões.
A reversão das privatizações / concessões na área dos transportes é um dos pontos dos acordos entre o PS e os demais partidos de Esquerda com representação parlamentar. O PCP já avançou com uma iniciativa parlamentar nesse sentido.
Mas o PS já avisou que só equacionará a reversão dos contratos depois de avaliar os custos para o Estado de tais medidas. No caso da TAP, os socialistas têm defendido a manutenção da maioria do capital na esfera pública.
Do lado do consórcio Atlantic Gateway, na semana passada, Humberto Pedrosa manifestou-se disponível para manter-se na TAP numa situação de minoritário, dependendo das condições, e David Neeleman garantiu a disponibilidade para trabalhar com qualquer governo.