A rede ferroviária de Alta Velocidade chinesa atingiu os 10 463 quilómetros, muito à frente do Japão e da França, países pioneiros nesta tecnologia.
Mais de um quinto daquela extensão diz respeito à linha Pequim-Cantão, a mais longa do mundo, com 2 298 quilómetros, inaugurada há um ano. A viagem demora apenas oito horas, quase um terço menos do que o tempo mais rápido dos comboios que ligam habitualmente aquelas duas cidades.
Construída em sete anos, a linha Pequim-Cantão atravessa os dois maiores rios da China, o Amarelo e o Yangze, e cinco das mais populosas províncias do país (Shijiazhuang, Henan, Hubei, Hunan e Guangdong), que no conjunto têm cerca de 400 milhões de habitantes. Em 2015, deverá chegar a Hong Kong, cerca de 150 quilómetros a sul de Cantão.
Quando o Japão lançou o seu “comboio-bala”, em 1964, a China era um país pobre e isolado, que vivia num estado de revolução permanente, empenhada em “aprofundar a luta de classes”.
A primeira linha chinesa de Alta Velocidade – um troço de 117 quilómetros entre Pequim e Tianjin – começou a funcionar em 2008, 28 anos depois do nascimento do TGV francês. Mas em menos de uma década, a rede chinesa cresceu mais do que a de todos os outros países juntos, incluindo Espanha, que já ultrapassou a França, com 3 100 quilómetros de extensão.
A inauguração da linha Pequim-Cantão, a 26 de Dezembro de 2012, coincidiu com o aniversário de Mao Zedong (1893-1976), fundador do Partido Comunista Chinês e da Republica Popular da China.
Outra linha emblemática – Pequim-Xangai – abriu na véspera do 90.º aniversário da fundação do PCC, em 2011, mostrando que o significado do empreendimento “vai muito além do próprio comboio”, como assinalou na altura o Diário do Povo, órgão central do partido.
O acelerado desenvolvimento da rede chinesa de Alta Velocidade ficou também marcado por um grave acidente, que matou 40 pessoas, no Verão de 2011. O colossal orçamento do Ministério dos Caminhos-de-ferro foi também uma fonte de corrupção. Em Julho passado, um ex-ministro do sector e antigo membro do Comité Central do PCC, Liu Zhijun, foi condenado à morte com pena suspensa por dois anos, por ter aceitado subornos no valor de 64,6 milhões de yuan (7,8 milhões de euros).