O investimento na ligação ferroviária Sines-Badajoz para o tráfego de mercadorias deverá gerar um défice de 600 milhões. Que será compensado pelos ganhos para os portos de Lisboa, Setúbal e Sines e pela transferência de cargas da rodovia para o comboio.
Segundo os dados do estudo de custo-benefício deste projecto prioritário elaborado pela Refer e entregues aos partidos, o investimento de 738 milhões de euros na ligação de Sines à frionteira gerarão um VAL (Valor Actual Líquido) financeiro negativo de 607 milhões de euros.
Mas, avança o “i”, o VAL económico (que inclui as externalidades) será positivo em 67,3 milhões de euros.
Os números confirmam aquilo que já se sabia: que os investimentos em ferrovia não são, por si só, rendíveis, o que justifica a opção do Executivo de concentrar neles o investimento público e o co-financiamento de Bruxelas.
Mais discutíveis, e difíceis de medir, serão os benefícios económicos da ligação. O estudo da Refer aponta as vantagens da integração efectiva dos portos do Sul na RTE-Transportes, e a transferência de cargas da rodovia para a ferrovia.
Neste particular, as previsões da Refer apontam para a retirada de 720 camiões diários ao longo dos 200 quilómetros de trajecto (com ganhos ao nível da poluição, congestionamento e sinistralidade) e para o incremento de 18 comboios diários no horizonte de 2026.
Segundo as estimativas avançadas, a quota da ferrovia passará assim dos actuais 8% para a casa dos 22%.
A ligação ferroviária para mercadorias entre Sines e Badajoz contempla a construção do troço entre Évora e a fronteira, numa distânca de 90 quilómetros, em bitola ibérica mas usando travessas polivalentes para permitir uma futura migração/coexistência com a bitola europeia.