O setor da Construção, Reparação e Manutenção Naval (CRMN) enfrenta um desafio sem precedentes: reduzir significativamente as suas emissões de gases com efeito de estufa (GEE) e alinhar-se com os objetivos europeus de descarbonização. É neste contexto que surge o projeto RNCZ – Roteiro Naval Carbono Zero, uma iniciativa pioneira destinada a traçar um plano claro para a sustentabilidade ambiental da indústria naval em Portugal.
Promovido pelo Fórum Oceano e pela CEVAL – Confederação Empresarial do Alto Minho, e cofinanciado pelo PRR – Plano de Recuperação e Resiliência e pelos Fundos Europeus Next Generation EU, o projeto pretende ajudar o setor a reduzir cerca de 14 700 toneladas de CO2 equivalente por ano, promovendo uma transição ambientalmente responsável através da construção de um Roteiro de descarbonização para a indústria da CRM, prevendo diversas metas entre 2025 e 2050.
Segundo os estudos preliminares do RNCZ, o setor CRMN em Portugal gera atualmente cerca de 5 800 toneladas de CO2eq por ano em emissões diretas, sendo que 80% das emissões totais do setor estão associadas às atividades a montante, como o consumo de matérias-primas e a produção de eletricidade.

Segundo os estudos preliminares do RNCZ, o setor CRMN em Portugal gera atualmente cerca de 5 800 toneladas de CO2eq por ano em emissões diretas
O projeto propõe soluções como a eletrificação, a modernização tecnológica e a adoção de materiais mais sustentáveis para mitigar este impacto ambiental. A literatura aponta para adaptações como a redução do peso dos navios, a reciclagem no fim-de-vida, a otimização dos métodos de corte, soldagens e tratamento de superfícies, bem como a redução do consumo de energia e a utilização de fontes renováveis. Através do Roteiro de Descarbonização, o RNCZ irá recomendar as melhores tecnologias para as empresas portuguesas, tendo em conta as suas necessidades específicas.
Metas Ambiciosas para 2050
O Roteiro estabelece metas claras para reduzir as emissões diretas em 70% até 2040 e em 90% até 2050. Em termos de emissões indiretas provenientes da eletricidade, o objetivo é alcançar uma redução de 90% até 2040 e de 100% até 2050. O foco também inclui a economia circular, com o objetivo de reduzir em 20% as emissões relacionadas ao consumo de matérias-primas como aço e alumínio.
Sessões de Auscultação e Próximos Passos
Desde o seu início, em junho de 2024, o projeto tem envolvido diretamente as empresas do setor para garantir que as suas necessidades e desafios sejam considerados. Em sessões realizadas no Porto Maritime Week e em Lisboa, líderes do setor discutiram os caminhos para a descarbonização. “Queremos saber a importância atribuída aos esforços de descarbonização na indústria naval e o seu grau de envolvimento com este fenómeno”, afirma Luís Ceia, presidente da CEVAL. Já Rúben Eiras, Secretário-Geral do Fórum Oceano, reforça que “estas sessões criam um diálogo aberto que garante que as estratégias do projeto reflitam a realidade do setor”.

Entre as próximas ações estão estudos de benchmarking tecnológico, avaliações legais e formações para empresas, bem como iniciativas de internacionalização que visam criar Redes de Descarbonização.
TRANSPORTES & NEGÓCIOS: Media Partner do RNCZ
Como parte da sua estratégia de comunicação, o projeto RNCZ conta com o apoio do jornal TRANSPORTESE & NEGÓCIOS como media partner. Esta parceria será iniciada com a divulgação do presente artigo, que marca o compromisso conjunto de promover uma transformação sustentável no setor naval português.
Rumo à Sustentabilidade
Com metas alinhadas às diretrizes europeias, como a regulação Fuel EU Maritime, que prevê reduções progressivas de emissões até 2050, o RNCZ posiciona-se como um exemplo de como o setor naval pode adaptar-se às exigências ambientais globais. As ações propostas têm o potencial de transformar a indústria naval portuguesa, tornando-a um pilar de inovação e sustentabilidade.
CONSÓRCIO DO PROJETO ROTEIRO NAVAL CARBONO ZERO