O Porto de Setúbal e a Refer assinaram hoje um protocolo para a melhoria das acessibilidades ferroviárias. A ideia é praticamente duplicar a capacidade da infra-estutura e com isso aumentar a movimentação de cargas e reduzir os custos, sintetizou Vítor Caldeirinha, presidente da APSS, em declarações ao TRANSPORTES & NEGÓCIOS.
Actualmente são já 21 os comboios que diariamente transportam cargas de e para o porto sadino. Mais de 30% das mercadorias ali movimentadas, chegam ou partem por ferrovia. Setúbal concentra mais de 34% do total de comboios movimentados no conjunto dos portos nacionais, segundo o presidente da administração portuária.
Mas o objectivo é fazer mais. E daí o acordo hoje firmado com a gestora da infra-estrutura ferroviária, que visa “a realização dos projectos técnico e operacional da melhoria da ligação ferroviária à zona central do porto e a electrificação das linhas até aos terminais”.
Particularmente beneficiados serão os terminais ro-ro, multiusos e de contentores. Precisamente aqueles onde de perspectivam maiores crescimentos de movimentação de cargas.
As melhorias a introduzir aumentarão a capacidade “de nove para 15 comboios por dia, só na zona central do porto”, destacou Vítor Caldeirinha. Além do que a electrificação permitirá reduzir “em cerca de 12% os custos”, acrescentou.
Mas não só. O aumento da capacidade das acessibilidades ferroviárias é tido como imprescindível para realizar o potencial de crescimento do porto de Setúbal, nomeadamente alargando o seu hinterland.
O porto da foz do Sado é um dos parceiros nacionais da plataforma logística que está a ser desenvolvida em Badajoz e aposta no crescimento das ligações à Extremadura. “Temos um comboio por semana [com Espanha] e deverá aumentar em breve, pois somos o porto mais próximo e temos uma oferta já importante na vertente de contentores”, frisou Vítor Caldeirinha.
Em 2014, o porto de Setúbal superou pela primeira vez os oito milhões de toneladas movimentadas. Nos últimos três anos cresceu a um ritmo de um milhão de toneladas e o objectivo é agora chegar aos dez milhões de toneladas (e assim entrar na rede core da RTE-T) até 2018.
Para isso, Vítor Caldeirinha conta com o potencial do “quarto maior concelho industrial e exportador do País”, com a capacidade instalada na Mitrena, com a “Sapecbay e a SPC”, e com a ferrovia. Para chegar mais longe e para proteger “o ambiente, a cidade e as zonas envolventes das sobrecargas nas vias rodoviárias de acesso aos terminais comerciais”, rematou o presidente da APSS.