No relatório em que anunciou os maiores lucros de sempre, a Silopor voltou a alertar para o fim da concessão em Lisboa, em Junho de 2025.
“Já no Relatório de 2022 tínhamos referido a nossa preocupação quanto ao futuro da Silopor, ou melhor dito, o futuro da prestação de serviço actualmente realizada pela Silopor que é indispensável ao abastecimento alimentar do país. A concessão sob a qual a Silopor opera irá terminar em Junho de 2025. E sem qualquer estultícia da nossa parte podemos afirmar que não vemos no mercado nacional entidade equipada, quer a nível de armazenagem quer a nível de capacidade de descarga em locais com fundos apropriados, que possa substituir a Silopor, ou ainda qualquer entidade pública ou privada para quem a operação dos referidos equipamentos possa ser transferida. No entanto, qualquer modelo que o Accionista decida adoptar terá um prazo de concepção e adaptação longo face ao qual o prazo até ao fim da actual concessão em Junho de 2025. se torna cada vez mais exíguo”.
Assim termina o Relatório da Comissão Liquidatária da Silopor relativo ao exercício de 2023. A empresa é concessionária dos terminais de granéis alimentares do Beato e da Trafaria, onde no ano passado movimentou cerca de 25 milhões de toneladas (menos 2,8% do que em 2022), que lhe conferiram uma quota de mercado de 49,34% (abaixo dos 53% de 2022, pelo aumento das descargas em Aveiro e pela reentrada no mercado de Setúbal, explica).
No relatório, a Comissão Liquidatária da Silopor chama também a atenção para a crescente dimensão dos navios (foram descarregados 14 acima das 50 mil toneladas) ” valor que só tenderá a aumentar, na medida em que se acentuar a subida do valor dos fretes”, o que coloca questões “para o abastecimento nacional, tanto mais que continuam a não existir em Portugal quaisquer estruturas alternativas para descarga de navios desta dimensão, seja porque não são de águas profundas ou, sendo-o, não estão equipados com equipamentos de descarga e os consumidores finais situam-se fora do seu hinterland”.
Enquanto esses cenários não se concretizam, a Silopor atingiu, em 2023, o maior resultado líquido de sempre, com 5,45 milhões de euros, numa subida homóloga de 42,3%.
Mesmo movimentando menos tonelagem, o volume de negócios cresceu 12% para 22 milhões de euros. O EBITDA fixou-se nos 9,1 milhões de euros (mais 32,6%).
A empresa fechou o exercício de 2023 com 78 trabalhadores efectivos e seis contratados a termo certo (ao longo do ano foram integrados no quadro 17, por limite do prazo legal da sua contratação).
A Silopor está em liquidação há cerca de duas décadas. Já foi objecto de tentativas de privatização. Entretanto, vai somando resultados líquidos positivos e não tem passivo.