A Groundforce vai pagar o salário de Junho em duas tranches, anunciou o presidente da empresa. Os sindicatos já anunciaram greves.
De acordo com a comunicação de Alfredo Casimiro aos trabalhadores da Groundforce, a que a “Lusa” teve acesso, a recuperação do tráfego aéreo, “no mês de Junho (e que se prevê continuar em Julho)” não se traduziu ainda em entrada de receitas “em virtude das condições de pagamento acordadas com a maioria dos nossos clientes”.
Assim, acrescenta, o salário de Junho será pago faseadamente: a primeira tranche, correspondente a 65% do valor do salário líquido, será paga na sua data habitual, e a segunda tranche, correspondente aos remanescentes 35%, será paga até 15 de Julho. Já “o pagamento do cartão refeição será efectuado integralmente até dia 30 de Junho”.
Na nota interna, o também maior accionista da Groundforce diz que “administradores e directores acordaram receber apenas após todos os restantes trabalhadores terem recebido o seu salário na íntegra”.
Já em Maio os salários dos trabalhadores foram pagos faseadamente.
Sindicatos convocam greves
O Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes de Portugal (STTAMP) e o Sindicato dos Trabalhadores dos Aeroportos Manutenção e Aviação (STAMA) convocaram uma greve na Groundforce entre 16 e 18 de Julho, além de outras paralisações parciais.
De acordo com o pré-aviso de greve, haverá a “partir do dia 12 de Julho de 2021 greve parcial à primeira e à última hora de cada horário dentro de turno de trabalho, por tempo indeterminado”, em todos os aeroportos.
Entre as “00:00 horas do dia 16 de Julho de 2021 [e as] 24:00 horas do dia 18 de julho de 2021”, a paralisação será total, indicaram a estruturas sindicais.
O STTAMP e o STAMA justificaram a paralisação “considerando o incumprimento do Acordo de Empresa, pela falta de pagamento aos trabalhadores de várias matérias pecuniárias previstas na Lei e no referido Acordo de Empresa, nomeadamente: subsídios de férias, anuidades vencidas, actualização das posições remuneratórias relativas a evolução nas carreiras profissionais e o pagamento do prémio de distribuição de lucros relativo ao ano de 2019”, acrescentando que “volvido mais de um ano e meio, após o início da crise pandémica provocada pela Covid-19 a SPdH [Groundforce] já perdeu cerca de 1 000 trabalhadores que não viram os seus contratos renovados”.
Além disso, os trabalhadores lamentam que “desde Fevereiro de 2021”, vivam “em estado de ansiedade, não sabendo se os salários serão pagos, tendo-se verificado um atraso superior a 15 dias em Fevereiro e em Maio e em Junho, foram pagos parcelarmente, verificando-se ainda o não pagamento de verbas relacionadas com trabalho suplementar efectivamente prestado, bem como o pagamento por trabalho prestado em dia feriado”.
Os sindicatos apontam ainda “a instabilidade accionista quer por parte do accionista privado quer por parte da TAP, que, pelos desentendimentos institucionais, tardam em firmar uma estratégia para o futuro da empresa e dos seus cerca de 2 400 trabalhadores” e a “falta de resposta concreta do Governo de Portugal para uma empresa que, pelo seu ‘know-how’, e pelo serviço que presta é indispensável para o sector da aviação e, portanto, vital para o sector do turismo, pelo que a torna indispensável para a retoma que se espera no curto prazo”.
Para esta greve pesou também a “iminência da insolvência da empresa que corre termos em tribunal, que a acontecer significará a perda das licenças de ‘handling’ e consequente encerramento da mesma e a eliminação de 2 400 empregos”.