Os portos de Sines, Roterdão e Duisport e a Madoqua (promotora de um projecto de combustíveis verdes em Sines) assinaram um Memorando de Entendimento para a criação de um “corredor verde”.
A ideia é promover o transporte de “combustíveis alternativos e matérias-primas baseadas em derivados de hidrogénio, como o e-amoníaco e o e-metanol, e produtos como o CO2 liquefeito, de Portugal para o Noroeste da Europa”, refere o comunicado emitido a propósito.
A Madoqua propõe-se instalar na ZIL de Sines uma unidade de produção em grande escala de combustíveis verdes (ainda em Abril passado adquiriu mais 60 hectares de terreno), destinados em parte a abastecer os mercados do Norte da Europa, a partir do porto português, num investimento que poderá ascender a 2,8 mil milhões de euros, anuncia.
O Memorando de Entendimento hoje assinado (na presença do ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, e da ministra da Economia, Indústria, Protecção do Clima e da Energia e Vice-Primeira-Ministra do Estado Alemão da Renânia do Norte-Vestfália, Mona Neubaur) abrange “o reforço do papel do hidrogénio verde e da produção de derivados, como os combustíveis sintéticos, incluindo a logística de subprodutos como o CO2”; o “apoio a projectos-chave de grande escala para estabelecer a infra-estrutura inicial e o ecossistema da cadeia de abastecimento”; o alargamento do “corredor verde” já planeado entre Portugal e os Países Baixos para a Alemanha”; uma “melhor compreensão dos fluxos tangíveis de produtos de combustíveis verdes ao longo deste corredor verde com base em projectos-chave”; o desenvolvimento e promoção da exportação da produção, bem como a infra-estrutura de importação e recepção em Portugal, nos Países Baixos e na Alemanha”, detalha o comunicado.
O pilar deste corredor verde será o terminal de armazenamento e abastecimento de combustível verde actualmente a ser desenvolvido pela Madoqua no porto de Sines, num investimento estimado em 500 milhões de euros, em duas fases (a fase 1 centrar-se-á no abastecimento de combustível com amoníaco sintético, enquanto a fase 2 se centrará no metanol sintético e no e-SAF (e CO2)).
O projecto foi recentemente aprovado no âmbito do CEF Energia para o financiamento de estudos de viabilidade e implementação para validar operações de terminais baseadas em energias renováveis.
“Hoje damos um passo importante em direcção a um futuro mais verde e sustentável. O caminho para a descarbonização é bastante exigente, mas o Porto de Sines tem vindo a segui-lo, passo a passo, apoiado numa série de parcerias, como a que hoje formalizamos, com a assinatura deste Memorando”, comentou José Luís Cacho, presidente do porto alentejano, citado em comunicado.
Há cerca de dois anos, o porto de Sines foi o palco da assinatura de um outro Memorando de Entendimento para a criação de um corredor verde ligando a Roterdão, no âmbito do Projecto H2Sines.RDAM.
O projecto, anunciado em meados de 2022, envolvia as multinacionais ENGIE, Shell, Vopak e Anthony Veder, e previa a produção de hidrogénio verde na ZIL de Sines e o seu posterior encaminhamento para o porto holandês.
Em Outubro do ano passado, porém, os promotores desistiram da ideia, decisão que só foi confirmada publicamente em Abril passado.