O Sitava acusa a gestão da TAP de estar a degradar a empresa, ainda com poucos voos, seis meses depois do início da pandemia, para ficar com uma “TAPzinha”.
“Não contem com o Sitava [Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos] para assistir à degradação da companhia e virem depois dizer que o que resta é uma ‘TAPzinha‘”, defendeu o sindicato, em comunicado.
Para o Sitava, a TAP está neste momento a sofrer as consequências da decisão de não voar nos meses de Abril, Maio e Junho, ao contrário de outras companhias aéreas, tendo, por isso, perdido quota de mercado.
Segundo o sindicato, das grandes companhias que operam no aeroporto de Lisboa, a TAP é mesmo a que menos voa.
“A TAP precisa urgentemente de uma gestão comprometida com o projecto de recuperação da companhia. Fala-se agora a propósito de tudo e de nada na tal reestruturação. Mas qual reestruturação? O que a TAP precisa é de recuperar do marasmo para onde esta gestão a está a atirar. Em vez de reestruturar temos é que recuperar, e muito rapidamente”, alertou.
O Sitava diz ainda que estão previstos para Setembro 2 192 voos em Lisboa, contra os 5 580 que a transportadora tinha programado antes da Covid-19, o que representa uma retoma de 39,3%. Já para o Porto, para o mesmo período, estão previstos 370 voos, contra os 1 261 inicialmente previstos, traduzindo-se numa retoma de 29,3%.
No entanto, o sindicato diz que aqueles voos previstos sofrem cancelamentos diariamente e defende que a TAP tem de começar a voar de modo a manter a sua capacidade e dimensão.
“Mas, afinal, existe um novo CEO ou não? Existe uma nova Comissão Executiva ou também não? E o Governo português que, corajosamente, meteu ombros à tarefa de salvar a companhia, agora também foi de férias? Ou todos eles entregaram o nosso futuro colectivo nas mãos da tal BCG [consultora escolhida pela TAP para apoiar no plano de reestruturação]?”, questionou-se.
Na sexta-feira, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Aeroportos Manutenção e Aviação (STAMA), João Varzielas, acusou a TAP de “marasmo”, por ainda estar a operar poucos voos enquanto outras companhias estão a encher o espaço aéreo.
“O que nós verificamos é as outras companhias a encher todo o espaço aéreo e a TAP continua num marasmo, sem voar, com as pessoas em terra, a pagar ordenados. Não se percebe”, disse à “Lusa” o dirigente sindical.
De acordo com o relatório da ANAC relativo ao segundo trimestre de 2020, a TAP viu a sua quota de mercado cair, em Lisboa, de 54% para 15%, e no Porto, de 25% para 3%. Isto em número de movimentos. No Porto, a companhia nacional caiu mesmo para o oitavo lugar, quando há um ano liderava.