O SNMMP pediu a intervenção do primeiro-ministro face às alegadas represálias impostas pelos patrões aos motoristas que aderiram às greves, ameaçando recorrer às instâncias europeias, caso a situação se mantenha.
“As represálias […] vão desde trabalhadores afectos a um serviço através do qual iniciam a sua jornada de trabalho a cerca de 10 quilómetros de casa, pelo facto de terem sido activos no período de greve. Além disto, temos colegas que há mais de 10 anos faziam apenas o serviço de matérias perigosas e, após o período de greve, foram colocados ao serviço de outras matérias”, afirmou o presidente do Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) à “Lusa”.
Os patrões, segundo Francisco São Bento, justificaram as alterações com a necessidade de prestação daqueles serviços nos locais em causa.
De acordo com o dirigente sindical, adicionalmente, entre quatro a cinco dezenas de trabalhadores foram submetidos a processos disciplinares “pelo simples facto de terem exercido o seu direito constitucional à greve”.
Conforme apontou o SNMMP, entre as empresas visadas encontram-se a Transportes Paulo Duarte, a TIEL – Transportes e Logística, a Atlantic Cargo, a Transportes Os Três Mosqueteiros e a Transportes Rodoviários J. Barroso.
O sindicato enviou, no domingo, uma carta aberta ao primeiro-ministro, António Costa, para que intervenha nestas situações, depois de ter já denunciado estes casos aos ministérios do Trabalho e das Infraestruturas, sem ter obtido uma resposta.
A estrutura sindical dá até quarta-feira para que António Costa se pronuncie, ameaçando que, após essa data, irá recorrer ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.
“Consideramos isto gravíssimo. Desde Abril que se vieram a constatar estes casos, mas multiplicou-se após a greve que levámos a cabo em Agosto”, precisou Francisco São Bento, acrescentando que espera que a ANTRAM intervenha também, brevemente, nesta questão.
“Não queremos abrir mão da paz social conquistada recentemente e, portanto, apelamos ao Governo e às entidades patronais para que ponham fim a esta perseguição que iniciaram aos trabalhadores grevistas”, concluiu.