O comércio mundial recuperará rapidamente para níveis pré-pandemia e, depois, crescerá de forma lenta, mas contínua, prevê Soren Skou.
Soren Skou, que falava numa conversa com o presidente da business school IMD, Jean-François Manzoni, antecipa que o comércio global tenha um crescimento “em linha com a subida média do PIB global”.
O CEO da AP Moller-Maersk, que é ex-aluno do IMD (MBA 1997), indica que “embora aquela subida esteja abaixo das taxas prévias à crise financeira de 2008, está em linha com os aumentos anuais de 1-5% observados desde então e é significativamente mais elevada do que as recentes previsões sombrias”. Os volumes de comércio global caíram 15% a 20% no segundo trimestre, segundo Skou.
Diversificação de cadeias
A Maersk movimenta quase um em cada cinco contentores em todo o mundo e é considerada uma referência para o comércio global. O seu CEO avisa, porém, que as multinacionais irão, agora, rever as cadeias de abastecimento para uma maior resiliência.
“A distância nunca foi um problema durante a pandemia. As redes globais de transporte operaram. Vimos muitos dos nossos clientes perceberem que tinham projectado as cadeias de abastecimento com um foco demasiado forte na eficiência e no custo baixo. Muitas companhias descobriram que tinham situações de origem única de peças geralmente muito pequenas. Peças não muito importantes, por isso achamos que poderíamos contratar tudo com um único fornecedor. Mas acabamos por perceber que não conseguimos terminar o produto se não tivermos esse componente”.
Soren Skou considera, por isso, que melhorar a resiliência ao aumentar os stocks e melhorar os inventários é, agora, fundamental para as multinacionais. “Muitas companhias não tinham stocks suficientes para lidarem com a interrupção. E por esse motivo perderam vendas”, defende o executivo, que considera que aumentar a resiliência não reverterá anos de globalização e promoverá a deslocalização, mas gerará diversificação de fonte.
“Não creio que centralizar a produção nos vossos países de origem seja uma estratégia eficaz de redução de risco, porque quanto mais concentrar as coisas em termos geográficos, maior é o risco de que algo aconteça naquele local. Por isso, a minha expectativa é que a pandemia leve a mais proliferação nas cadeias de abastecimento e a mais estratégias de múltiplas fontes”.