A presidente da STCP considera “impossível” o arranque da operação do metrobus (BRT) do Porto em Setembro próximo.
“Parece-nos impossível que a operação metrobus arranque em Setembro. Os nossos horários escolares arrancam a 9 de Setembro. Neste momento, a Metro do Porto não tem veículos preparados, paragens equipadas, memorando de entendimento assinado”, disse Cristina Pimentel, citada pela “Lusa”.
O metrobus está a ser construído pela Metro do Porto, mas será a STCP a operá-lo. O serviço será assegurado por 12 autocarros articulados a hidrogénio (contratados por 29,5 milhões de euros a um consórcio que integra a CaetanoBus e a DST Solar), mas face ao atraso na entrega pretende-se que no arranque sejam utilizados autocarros eléctricos da STCP.
Segundo a presidente da STCP, “no canal da Boavista, tecnicamente, é possível operar com autocarros standard STCP (com troca de via imediatamente antes e depois dos abrigos), se se entender que esse será o caminho provisório”, sem chamar a esse serviço metrobus, mas sim “uma linha de autocarro com canal dedicado”.
A líder da STCP disse ainda que “não pode existir uma operação de BRT com três paragens (troço na Avenida da Boavista), porque a inversão de sentido nas restantes quatro paragens é uma impossibilidade física e de trânsito”.
A presidente da STCP reagia assim às declarações do presidente da Metro do Porto, no sábado, quando Tiago Braga apontou o arranque da operação de metrobus entre a Casa da Música e a Praça do Império para o início do ano escolar, reafirmando que “há flexibilidade para ajustar o actual material circulante às características da via”.
A utilização dos autocarros da STCP representa um desafio, porque as estações de metrbus estarão no centro da via, o que implica que os autocarros tenham portas do lado esquerdo, o que não acontece nos autocarros standard.
“Quando chegarmos ao momento da exploração teremos o memorando assinado”, garantiu ainda o presidente da Metro do Porto.
Na sexta-feira, a presidente da STCP, Cristina Pimentel, em resposta à “Lusa”, já tinha dito que “atendendo à configuração do canal, a exploração do mesmo em regime de metrobus só poderá ser feita com os novos veículos encomendados pela Metro do Porto”, acrescentando que aguarda a assinatura do memorando desde Maio do ano passado.
“Em Maio de 2023, o município do Porto desenhou um memorando de entendimento a celebrar entre o Estado, a Metro do Porto, o município do Porto (enquanto autoridade de transportes) e a STCP com vista à implementação do modelo de exploração da nova infraestrutura”, lia-se na resposta à “Lusa”.
Hoje em dia, “sem que o memorando tenha sido ainda assinado pelo Estado e pela Metro do Porto, e desconhecendo-se uma data para a sua assinatura, não estão ainda reunidas as condições para que se proceda à transferência das infraestruturas para o município do Porto por forma a que este delegue na STCP a sua exploração”, referia na mesma resposta.
O memorando visa “definir os termos da assunção, pelo município do Porto, dos bens e direitos sobre o BRT [‘Bus Rapid Transit’, vulgo ‘metrobus’], incluindo as responsabilidades associadas à sua operação”, bem como “as obrigações de serviço público a cumprir pela STCP relativamente à exploração das novas linhas”.
O documento tem também como objectivo “regular os termos da atribuição pelo município do Porto à STCP de eventuais compensações por obrigações de serviço público, de modo a garantir a plena funcionalidade do BRT”.
O novo serviço ligará a Casa da Música à Praça do Império (em 12 minutos), numa primeira fase, e à Anémona (em 17), numa segunda fase, com as estações Casa da Música, Guerra Junqueiro, Bessa, Pinheiro Manso, Serralves, João de Barros e Império, no primeiro troço, e Antunes Guimarães, Garcia de Orta, Nevogilde, Castelo do Queijo e Praça Cidade do Salvador (Anémona), no segundo.