O bloqueio do Canal do Suez acelerará a migração das cadeias logísticas globais, do just-in-time para o just-in-case, considera Soren Skou (Maersk).
“Estamos a mudar para cadeias de abastamento just-in-case, e não just-in-time. Este incidente [o encalhe do Ever Given no Canal do Suez] fará as pessoas pensarem mais nas suas cadeias de abastecimento”, sustentou o CEO da AP Moller-Maersk em declarações ao “Financial Times”.
A mudança, disse, já começou, aliás, com a pandemia da Covid-19, com as companhias a deixarem de estar dependentes de fornecedores únicos e a manterem maiores níveis de inventário, que as ponham a cobro de interrupções de fornecimentos.
“Quanto just-in-time queremos ser? É óptimo quando funciona, mas quando não funciona perdemos vendas. Não há poupanças do just-in-time que compensem o negativo de perder vendas”, reforçou Soren Skou.
O líder da Maersk (que tem dezenas de navios presos no Suez e desviou outros para a Rota do Cabo), disse ainda, ao “FT”, que as companhias não querem mais estar dependentes de um único fornecedor – uma opção que lhes poupava “os últimos cinco cêntimos num componente” -. “Os nossos clientes dizem-nos que precisam de ter múltiplos fornecedores, para garantirem que não ficam parados por causa de um pequeno subcontratado”.
Sobre a evolução dos fretes, Soren Skou disse que a tendência de alta é para manter. “Os retalhistas deixaram de comprar na Primavera de 2020 e agora estão a tentar repôr os stocks ao mesmo tempo que a procura é muito forte. Este ciclo vai manter-se ainda algum tempo”, disse, acrescentando serem previsíveis ainda mais aumentos, agora devido ao acidente no Suez.