A partir de Setembro, a TAP Air Cargo terá disponíveis dois A332 cargueiros, avançou Miguel Paiva Gomes ao TRANSPORTES & NEGÓCIOS.
Depois de ter convertido três A332 de passageiros em “preighters”, para fazer face à elevada procura de capacidade de carga, a TAP Air Cargo prepara-se para ir mais longe e transformar dois desses aparelhos cargueiros, para operarem “pelo menos” até 2023, adiantou o responsável da TAP Air Cargo.
As operações de transformação dos dois aviões decorrerão “entre Julho e Setembro”. Os trabalhos passarão, no essencial, por retirar tudo o que ainda subsiste da cabina de passageiros (desde logo, as casas de banho). “Com isso ganharemos maior capacidade, passando dos actuais 200 m3 para cerca de 260 m3”, referiu Miguel Paiva Gomes.
Estes dois cargueiros manter-se-á com as cores da TAP Air Cargo “pelo menos até ao final do contrato de leasing, em 2023”. A transformação do terceiro “preighter” está “dependente da evolução do mercado”.
O plano de recuperação da TAP que está a ser avaliado em Bruxelas contempla uma frota de 88 aviões de passageiros e, sublinha Miguel Paiva Gomes, “três aviões cargueiros. Ainda que não se fale deles”.
Volumes em baixa e yields em alta
Desde Março, a companhia reorganizou o seu network, estabelecendo “hubs em Frankfurt, Amesterdão, Heathrow e Malpensa, servidos uma vez por semana”.
A ideia é reduzir a dependência dos “milhares de camiões” que ligam ao hub de Lisboa e oferecer serviços directos transcontinentais, com melhores yields. “Por exemplo, realizamos um voo Malpensa – Recife, com carga da FIAT. Ou temos a ligação Lisboa – Bogotá – Lisboa – Amesterdão”, cita Miguel Paiva Gomes.
Os três A332 “preighters” são, de momento, a coluna vertebral da operação da TAP Air Cargo. Mas a oferta não fica por aí. “Temos, claro, os porões dos aviões de passageiros; realizamos voos com aviões de passageiros vazios, só com carga no porão; e utilizamos ainda capacidade em aviões de outras companhias, ou fretados”.
Simplificando, poder-se-á dizer que a companhia opera actualmente com uma frota “própria” de oito aparelhos, que garantem “cerca de 70% do negócio”.
Os números do primeiro trimestre ainda não estão fechados, mas Miguel Paiva Gomes avança que, “em termos de volumes, ficamos 25% abaixo do realizado há um ano (quando o mercado ainda estava a crescer), com cerca de 16 400 toneladas”.
Diferente, para melhor, é a situação das receitas, a subirem “cerca de 48%” em termos homólogos, pelo aumento dos yields. O responsável da TAP Air Cargo esclarece a propósito, que “hoje, o nosso negócio já é em 90-95% economia, e os yields sobem porque há falta de capacidade no mercado”.