O Governo anunciou, esta noite, o acordo com os accionistas privados da TAP, que garante ao Estado 72,5% do capital da empresa. David Neeleman sai e Humberto Pedrosa fica com 22,5%.
O acordo anunciado pelo ministro das Infraestruturas pressupõe um investimento do Estado de 55 milhões de euros na compra da posição económica, direitos económicos e direitos de saída de David Neeleman. Pedro Nuno Santos não detalhou, porém, como ficará a repartição com Humberto Pedrosa, que fica como único accionista da Atlantic Gateway. Recorde-se que o anterior acordo com os privados, aquando da “reversão” da privatização, deu ao Estado 51% do capital, mas apenas 5% dos direitos económicos.
O acordo hoje anunciado envolve também, paralelamente, a Azul, companhia brasileira fundada por Neeleman, que detém obrigações convertíveis da TAP e que aceitou não exercer essa conversão, ou seja, não entrar no capital da companhia portuguesa.
Na hora da despedida, e apesar das críticas feitas nos últimos tempos, o ministro Pedro Nuno Santos elogiou o papel de David Neeleman na TAP.
“Isto é indesmentível: a entrada de David Neeleman para a TAP foi importante para a TAP e, portanto, não queria aqui ser injusto mesmo que tenha havido divergências, não quero ser injusto com um accionista que nós tivemos, que percebe bastante do sector, que teve sucesso em vários pontos do globo e que deu um contributo muito importante à TAP e isso, nem no dia de hoje, pode ser esquecido”, afirmou, durante a conferência de imprensa.
O governante reconheceu igualmente a transformação da companhia aérea de bandeira nos últimos anos, com o reforço e modernização da frota, o alargamento do network e o aumento do número de passageiros transportados.
Com David Neeleman sai também Antonoaldo Neves, o homem escolhido por aquele para gerir a TAP. Pedro Nuno Santos anunciou a saída imediata e garantiu que a substituição resultará de um processo de “head hunting” a ser realizado por uma empresa especializada, no mercado internacional. “É assim que o Estado se deve relacionar com as empresas da sua responsabilidade”, disse, frisou, afastando o espectro dos “jobs for the boys”.
Assim o acordo seja formalizado, o que deverá acontecer em breve, o Estado passará a controlar uma TAP com um pesado fardo de divida. Mas isso não afectará o défice, garantiu, por seu turno, o ministro das Finanças, porque a empresa não integrará o perímetro das contas públicas. O empréstimo de emergência, esse já está contemplado no Orçamento suplementar, lembrou João Leão.
O Estado propõe-se avançar com um resgate de 1 200 milhões de euros à TAP. Ontem mesmo, o Governo aprovou a declaração de interesse público desse auxílio, com isso tratando de ultrapassar a providência cautelar interposta pelo Associação Comercial do Porto.