Tecnologia e rapidez mudaram sector da logística

A Logic assinala este ano o décimo aniversário. Foi em 2004 que Carla Fernandes e Isabel Viçoso fizeram um “management buyout” (MBO) à SPC para a sua área de logística, criando, assim, a Logic em 2005. As duas executivas fazem, em entrevista ao TRANSPORTES & NEGÓCIOS, um balanço positivo da actividade da empresa e explicam que a tecnologia e a rapidez dos processos é a grande mudança no sector. Quanto ao futuro, a internacionalização pode vir a estar na mira.

Carla Fernandes e Isabel Viçoso lançaram a Logic em 2005.

T&N – A Logic teve um volume de negócios de 12,1 milhões de euros em 2014, mais 9,5% do que em 2013. O balanço do ano passado é positivo?

Isabel Viçoso – Sem dúvida que sim.

T&N – Os piores anos para o sector já passaram?

Isabel Viçoso – Acreditamos que sim. Nada vai ser como antes [da crise]. Há um aumento do consumo, mas não para os níveis de antes e nós estamos muito ligados ao consumo. Agora, temos apostado não só no volume, mas também em dar mais valor dentro do ciclo logístico. Temos apostado em novas operações e em novos serviços e isso tem sido o que nos tem permitido crescer. Acho que esse vai ser o caminho para os operadores logísticos.

T&N – A mais recente novidade da empresa – o Logic Assemblers – é um exemplo?

Carla Fernandes – Sempre nos quisemos posicionar no mercado português como o operador logístico mais integrador e com maior penetração na cadeia de valor. Ou seja, entramos no fim da cadeia da parte industrial e vamos até ao cliente final. Os operadores logísticos têm, hoje, de ter uma flexibilidade e adaptabilidade que não existia há alguns anos. Nós temos essa adaptabilidade a montante e a jusante. Ora, este conceito Logic Assemblers tem essa noção de integração em toda a cadeia de valor. É uma forma de serviços que já integrávamos, mas que achámos importante comunicá-los de forma organizada e adaptada às novas necessidades do mercado.

T&N – Até tendo em conta esse lançamento, prevêem crescer em 2015?

Carla Fernandes – Nós trabalhamos para isso e acreditamos que os próximos anos vão ser de crescimento lento e sustentado. Mas para que isso seja possível, tem de trabalhar-se e criar, efectivamente, valor para os nossos clientes, nomeadamente para as PME, em que somos um grande facilitador, na medida em que lhes podemos oferecer serviços essenciais para a melhoria da sua própria produtividade.

T&N – As grandes empresas acompanham as tendências. As PME já estão a despertar para a nova realidade do retalho, em que a logística integrada ganha ainda mais importância?

Isabel Viçoso – Sim. O mercado de vinhos, por exemplo, está com um grande conceito de inovação, tanto ao nível do produto como de canais de venda. Mas também temos trabalhado empresas de outros sectores. Além disso, as grandes empresas também estão a implementar projectos de logística integrada muito interessantes. Mas também há casos de PME que não têm a mesma postura em relação ao outsourcing da logística.

T&N – O outsourcing levanta barreiras psicológicas…

Isabel Viçoso – Costumamos dizer que somos como um banco. Como guardamos activos dos clientes, temos de dar aqui um conceito muito grande de credibilidade. Já por isso temos investido muito não só na segurança dos bens, mas também dos dados informáticos. Além disso, temos o portal, onde os clientes podem ver o stock e interagir. Também temos crescido nas entregas ao domicílio com valor acrescentado, nas quais montamos equipamentos ou móveis e damos assistência, levantamos devoluções, etc. Mais valor acrescentado, mais tecnologia e mais interacção com o cliente é o que o mercado procura.

T&N – A Logic assinala em 2015 o décimo aniversário. Voltariam a fazer tudo (ou quase) da mesma forma?

Isabel Viçoso – Definitivamente. Eu acho que os resultados falam por si. A nossa grande aposta tem sido crescer de forma sustentada, pois achamos que temos responsabilidades não só para os accionistas, mas também para os nossos colaboradores e para os nossos clientes. É o essencial.

T&N – Que principais diferenças há no sector nestes dez anos?

Carla Fernandes – Intensificou-se a questão tecnológica, é a tendência maior. O volume de informação que se transacciona com os clientes e a complexidade de toda a cadeia logística fez com que tivéssemos de fazer um investimento muito grande e muito desenvolvimento interno. Tudo isto com um foco muito grande nas operações, porque o cliente quer o serviço a um preço competitivo. Tudo mudou, as coisas são muito mais rápidas do que há dez anos e isso tem um impacto muito grande na nossa actividade.

T&N – Daqui por dez anos, onde poderá estar o sector e qual poderá ser o papel da Logic?

Isabel Viçoso – Uma das grandes tendências é haver operadores internacionais – que têm grande tendência de consolidação – e, depois, operadores da nossa dimensão fazerem o trabalho mais regional, com um serviço complementar de mais valor acrescentado e personalizado. É aí que queremos colocar a Logic. Mas este conceito regional é, clarifique-se, de país ou até na escola europeia. Aliás, quando falo em conceito de regional, neste momento estamos consolidados em Portugal, mas daqui por dez anos gostaríamos de ter presença em outros países da Europa.