Os testes do primeiro motor marítimo da Mitsubishi convertido a hidrogénio deverão iniciar-se em Julho/Agosto, adianta Jorge Antunes, CEO da Tecnoveritas, em entrevista ao TRANSPORTES & NEGÓCIOS.
O projecto arrancou em Janeiro do ano passado, com a assinatura do Memorando de Entendimento com a Mitsubishi Heavy Industries para o estudo da conversão de um motor marítimo daquele construtor para ser alimentado a hidrogénio, recorda. Entretanto, a Tecnoveritas, que desenvolveu a tecnologia, e a HyChem (ex-Solvay), produtora de hidrogénio verde, constituíram a joint-venture HyVeritas.
O motor chegou, finalmente, a Portugal em Dezembro, e está agora a ser instalado naquele que se assume como o primeiro laboratório de máquinas de combustão interna do país (pelo menos a uma tal dimensão) – uma sala nas instalações da HyChem que está também a ser preparada para o efeito.
A trabalhar neste projecto a tempo inteiro está uma equipa multidisciplinar de dez engenheiros. O investimento realizado (e que não inclui o motor, cedido pela Mitsubishi Heavy Industries) já superou em muito o milhão de euros. Sem qualquer incentivo público – sublinha o especialista e CEO da Tecnoveritas.
Se tudo correr dentro do previsto (e ele há falta de recursos humanos, lamenta-se Jorge Antunes), até Julho / Agosto o motor deverá ficar pronto a iniciar os testes, queimando hidrogénio fornecido pela HyChem e produzindo energia eléctrica que será injectada na rede da própria empresa, Dar-se-á então início a uma longa maratona de 5 800 horas (cerca de 246 dias) de laboração contínua sem avarias (exigência do construtor do motor).
Nesse entretanto, proceder-se-á à medição dos consumos e das emissões, com a Bureau Veritas a certificar todo o processo, visando obter no final a tão desejada como indispensável “type approval”.
Toda a solução está, naturalmente, focada na conversão dos motores da Mitsubishi, mas Jorge Antunes confia que poderá ser adaptada a outros motores marítimos com características semelhantes, de outros construtores.
E porque não basta ter o motor, é preciso dispôr do combustível em quantidade e a preços concorrenciais, a Tecnoveritas trabalha há cerca de quatro anos num estudo para carregadores líquidos de hidrogénio, em colaboração com o Instituto Superior Técnico, visando o seu transporte e armazenamento em estado líquido, em depósitos “normais”, com importantes economias no investimento e no espaço utilizado.