O terminal de contentores de La Guaira fechou 2017 com mais de 126 mil TEU movimentados. Este ano propõe-se chegar aos 150 mil, adiantou ao TRANSPORTES & NEGÓCIOS o director geral do terminal venezuelano gerido pela Teixeira Duarte.
A operação comercial do terminal iniciou-se a 13 de Abril do ano passado. O movimento de “126 547 TEU” correspondeu exclusivamente a contentores de importação/exportação. No total, registaram-se “103 escalas”, com os principais clientes a serem a “King Ocean, Maersk/Sealand, Hapag-LLoyd, Cosco, CMA CGM e Hamburg Süd”, referiu Rui Cardoso.
Os resultados, disse, “estão em linha com o plano de negócios para o primeiro ano”, mas o objectivo é ir muito mais longe.
Neste ano arranque de 2018, o terminal venezuelano já conta “15 escalas e 11 200 TEU”. A previsão para o final do exercício é chegar aos 150 mil TEU, ainda de importação e exportação. E “avançar na captação de carga de transbordo internacional”, de modo a iniciar “operações de transbordo em 2019”, acrescentou Rui Cardoso.
Investimento de 40 milhões de dólares
À luz da leu venezuelana não existem concessões portuárias. No caso de La Guaira, o que existe “é uma Aliança Estratégica em que a empresa do Estado responsável pela gestão dos portos nacionais [Bolivariana de Puertos] delega a operação e administração do terminal à Teixeira Duarte, repartindo no final os resultados da operação de acordo com as percentagens de cada um na Aliança”, explicou o director geral.
A outorga da operação implicou um “investimento inicial de 40 milhões de dólares”, a que se seguirão outros, ao longo dos 20 anos do contrato, até porque “se trata de um terminal novo”. Entre esses, Rui Cardoso destacou “os sistemas de gestão informática (NAVIS, SAP, etc.) e o reforço dos sistemas de segurança e CCTV”. E também, resultado de uma adenda ao contrato inicial, “a reabilitação do Molhe Norte, assim como a ampliação e modernização dos silos ali existentes, de 13 mil para 70 mil toneladas”.
Capacidade de 1,2 milhões de TEU
Nesta fase, o terminal de contentores de La Guaira dispõe de uma frente de cais de 693 metros, com fundos de -15,2 metros e equipada com seis pórticos de cais pós-Panamax com capacidade de elevação de 65 toneladas em twin-lift.
A área de terrapleno é de 175 mil metros e para a movimentação dos contentores no parque estão disponíveis 15 RTG de 41 toneladas.
A capacidade instalada é de 1,2 milhões de TEU.
O estigma da Venezuela
O estigma internacional associado à Venezuela é o principal obstáculo ao desenvolvimento da actividade do terminal de contentores de La Guaira.
“É necessário quebrar várias barreiras e paradigmas, é um trabalho de paciência, de constância até atingir a confiança que se pretende”, reconheceu Rui Correia.
“Tem sido a nossa principal tarefa desde o início, primeiro demonstrar que o terminal funciona, tem capacidade, tem equipamento tecnologicamente avançado, dos mais modernos da região, e depois que é confiável, que é seguro, que a carga e os contentores são manipulados de acordo com os standarts internacionais”, reforçou.
Em todo o caso, adiantou o gestor, o objectivo fundamental para futuro do terminal é operar 80% de carga de transhipment e apenas 20% de carga-import, com isso ficando menos exposto às variações da economia interna venezuelana, mas garantindo o fornecimento de bens à capital do país, Caracas.