O terminal rodo-ferroviário da OJE no Entroncamento iniciará operações até ao final do primeiro trimestre do próximo ano, avançou ao TRANSPORTES & NEGÓCIOS o presidente da empresa, Carlos Sampaio.
Quatro anos volvidos sobre o lançamento do projecto, que junta a Operfoz (operador portuário da Figueira da Foz) e a Jomatir (transitário que nos últimos anos tem feito uma forte aposta na intermodalidade de base ferroviária), já é possível “anunciar” o arranque da actividade do terminal da OJE, em desenvolvimento no Parque Empresarial do Entroncamento, paredes meias com a Linha do Norte.
O terminal, que se assume como um verdadeiro “porto seco”, com todas as valências a tal inerentes, ocupa uma área de cerca de dez hectares, cerca de metade dos quais concessionada pela Câmara Municipal do Entroncamento por um período de 75 anos, prorrogáveis por mais 25 anos, no âmbito de um protoloco assinado já em Novembro de 2021.
A infra-estrutura disporá de “duas linhas férreas com mais de 600 metros de comprimento (quase concluídas), capacidade de parqueamento de 3 200 TEU (as obras de terraplanagem e pavimentação estão muito adiantadas), zona de armazenagem fechada (em fase de adjudicação) e oficina”. A oferta de serviços compreenderá “a consolidação e desconsolidação de cargas, armazenagem e tratamento de mercadorias, depósito e manutenção / reparação de contentores. E, claro, os serviços aduaneiros típicos de um porto seco”, resumiu Carlos Sampaio.
O terminal surge onde já existem outras infra-estruturas similares, mas isso não é motivo de preocupação para os promotores. A escolha da localização teve a ver “com a oportunidade, as acessibilidades rodo-ferroviárias (o nosso terminal está ao lado da Linha do Norte e é o mais próximo do terminus da Linha de Leste, por exemplo) e a actividade económica da região”, referiu o presidente da OJE.
Para alavancar o arranque das operações, o novo terminal contará com os movimentos dos seus promotores, mas os contactos já havidos com potenciais interessados em utilizar a infra-estrutura permitem o optimismo. “A reacção do mercado tem sido muito positiva. Estamos a falar de armadores, operadores logísticos, operadores ferroviários. Há uma grande expectativa. Estamos bastante optimistas”, sintetizou.
“O nosso foco é servir a carga, a indústria, Ou as indústrias: a indústria da região e a indústria do mar. Seremos um terminal aberto, neutro, pronto a trabalhar com todos”, reforçou Carlos Sampaio.
A aposta na descarbonização dos transportes e na transferência de cargas da rodovia para a ferrovia é outro dos motivos a alimentar o optimismo da OJE, que aposta na área de negócio das auto-estradas ferroviárias, que começam agora a despontar na Península Ibérica e hão-de chegar a Portugal. “Bastará pensarmos na transferência de uma pequena percentagem das cargas que andam na estrada para a ferrovia, para ser caso para dizer que a capacidade instalada – ao nível dos terminais, mas também dos operadores ferroviários – não será suficiente”.
Sobre o investimento realizado no terminal do Entroncamento, Carlos Sampaio escusou-se a quantificá-lo, “até porque as contas ainda não estão fechadas”. Mas sempre adiantou que, por força “dos atrasos, pela burocracia e pela pandemia, da inflação e da conjuntura, estimamos um sobrecusto de cerca de 30%”.
Quatro anos demorou a pôr de pé o novo terminal. Tempo demasiado? “Na verdade, não sabemos, porque não temos termo de comparação, e porque há muito que não se fazia um terminal de raiz”, concedeu o gestor. Mas foi, “sem dúvida, mais tempo do que esperávamos, devido sobretudo a questões burocráticas. O que mais demorou foi a definição do projecto de acessbilidades ferroviárias ao parque. Apesar da boa-vontade da Infraestruturas de Portugal. Agora que isso está resolvido, vamos concluir o que falta (porque não se justificava estar a investir mais sem ter um horizonte de início da actividade) para operar ainda no primeiro trimestre de 2024”, concluiu o presidente da OJE.
A Cidade do Entroncamento possui potencial logístico para ser o principal centro de distribuição de mercadorias e produtos do sul da Europa.
Uma óptima oportunidade de trabalho