Cabo Verde pretende escolher até 15 de Janeiro quem construirá o terminal de cruzeiros do Mindelo, disse o ministro da Economia Marítima.
“Neste momento está a decorrer esta escolha, as empresas apresentarão as propostas até 29 de Dezembro e pensamos até 15 de Janeiro estar em condições de ter escolhido a empresa para que possa implementar o estaleiro e iniciar as obras”, disse Paulo Veiga à “Lusa”.
O ministro reconheceu algum atraso no que será um dos maiores investimentos públicos recentes no arquipélago, e que deveria arrancar em 2019. Tal não aconteceu devido a reclamações, mas também, ainda segundo o dirigente, pelo facto de o projeto ter uma parte que é financiamento e outra que é oferta da Holanda, e por isso ter de passar pelo crivo da Orio, que é a instituição que controla tudo que é oferta da Holanda.
“Depois veio a pandemia, Cabo Verde ficou com as fronteiras fechadas, as cinco empresas que estavam escolhidas não conseguiram deslocar-se ao terreno para fazer a visita técnica e poder apresentar as propostas técnica e financeira concretas”, explicou.
Segundo uma nota da Enapor, empresa estatal que gere os portos do país, a primeira fase do concurso público para esta empreitada terminou em Agosto do não passado com a pré-selecção de cinco grupos empreiteiros: Afcons Infrastructures (Índia), Conduril Engenharia (Portugal), consórcio Mota-Engil/Empreitel Figueiredo (Portugal/Cabo Verde), consórcio Sogea–Satom/Dumez Maroc (França/Marrocos) e Soletanche Bachy International (França).
Essas empresas selecionadas passaram para a segunda fase do concurso, que, segundo a Enapor, “consiste na entrega das propostas técnicas e financeiras para as obras de construção do terminal, “que serão executadas em regime de chave na mão”.
O terminal de cruzeiros a instalar em São Vicente prevê a construção de dois pontões para atracação de navios com mais de 400 metros de extensão e de uma vila turística, conforme o concurso público internacional.
O governo estima que o terminal permita receber anualmente 200 mil turistas de cruzeiro.
A obra é cofinanciada pela Fundo Orio, dos Países Baixos, e pelo Fundo OPEP para o Desenvolvimento Internacional.
“O Terminal de Cruzeiros do Mindelo terá um impacto enorme na economia de São Vicente e Santo Antão, assim como um efeito indutor na economia de Cabo Verde”, lê-se no edital do concurso.
Os trabalhos vão envolver a reivindicação de uma área de terra, denominada “Ponte Terrestre”, com 2 700 metros quadrados, e a dragagem de aproximadamente 124 mil metros cúbicos na bacia portuária e no canal de acesso.
Entre outras características, o projecto prevê ainda a construção de um pontão de atracação de 400 metros de extensão com 11 metros de profundidade e outro de 450 metros com 9,5 metros de profundidade, além de um cais com uma largura de 12 metros, uma gare de passageiros, uma vila turística e uma zona imobiliária.
Prevê também a construção de um edifício de recepção aos turistas com cerca de 900 m2, designado por “Visitor Welcome Centre”, e instalações com 6 150 m2 para estacionamento de táxis e autocarros de apoio.
Cerca de 48 500 turistas em viagens de cruzeiro visitaram Cabo Verde em 2019, um aumento de 3% face ao ano anterior e um novo recorde, segundo dados da Enapor.