Os Estaleiros Navais do Mondego preparam-se para retomar a actividade, com a entrada para a sociedade de um fundo de Timor-Leste, principal credor e cliente da empresa.
No final de 2014, a EN Mondego, já então controlada pela AtlanticEagle Shipbuilding, anunciou ter ganho a construção de um ferry para Timor-Leste, para ligar a capital Dili à ilha de Ataúro e ao enclave de Oecussi. O negócio valia cerca de 13,3 milhões de euros e a construção deveria ficar concluída em Abril de 2016.
Mais de cinco anos volvidos, o Haksolok, como já foi baptizada a embarcação, está concluído a 70%, mas entretanto os estaleiros da Figueira da Foz suspenderam a actividade e a AtlanticEagle Shipbuilding recorreu ao PER (Plano Especial de Recuperação), aprovado quase a 100%, e desde logo pelo sei maior credor e cliente, as autoridades timorenses.
Agora, uma sociedade de investimento da Região Administração Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA), de Timor-Leste, ficará com 95% do capital da empresa (os restantes 5% permanecerão nas mãos do actual gerente, Bruno Costa, e investirá 14 milhões de dólares (cerca de 11,8 milhões de euros) na reactivação dos estaleiros.
A ideia é, desde logo, concluir o ferry e os pontões de acesso encomendados vai para sete anos. Mas Bruno Costa diz que o objectivo será mesmo retomar a construção naval em alumínio, para os mercados nacional e internacional, recuperando encomendas e reganhando clientes, ao mesmo tempo que se tranfere know-how para Timor-Leste.
“Era muito importante, importantíssimo, que o Governo português também ajude nesta iniciativa, que é de um país irmão. Espera-se do Estado português uma ajuda, uma abertura, para, de alguma forma, agradecer, entre aspas, esta entrada [de Timor-Leste no estaleiro], que vai recuperar uma indústria, a da construção naval”, sustenta Bruno Costa, em declarações à “Lusa”.