Vários transitários globais poderão deixar de trabalhar com a Maersk, em consequência do novo modelo de negócio “integrado” e da estratégia “agressiva” do gigante dinamarquês.
“Em Maio de 2020, a DB Schenker removeu mais de 90% do volume de cargas carregado na Maersk e transferiu-o para outras companhias”, referiu um porta-voz da companhia germânica, citado pelo “The Loadstar”.
“Esse ajuste do nosso portfólio de companhias de transporte foi necessário para garantir aos nossos clientes de transporte marítimo o acesso ideal às capacidades e preços e para garantir a estabilidade máxima do network. Com quase nenhum volume restante na Maersk, o fim estatuto de key account foi uma consequência lógica e não tem implicações na nossa capacidade de resposta às necessidades dos nossos clientes”, acrescentou a mesma fonte da DB Shenker.
A Maersk, por seu turno, indicou que não faria comentários, devido “à confidencialidade das relações com os clientes”.
Uma fonte de outro transitário afirmou que a DB Schenker não é o único operador do sector a retirar volumes da companhia dinamarquesa. “A empresa [a Maersk] está a deixar de ser um fornecedor para tornar-se um concorrente”, salientou a mesma fonte.
Em causa está a progressiva integração dos negócios levada a cabo pela Maersk, e que recentemente conheceu um importante desenvolvimento com o encerramento da Damco.
Pelo menos para já, apenas a Maersk é visada nas críticas dos transitários. Porque “não é um problema, e nunca foi, se a companhia tem alguma actividade de transitário. Isso é normal”, indicaram as fontes citadas pelo “The Loadstar”.
“A CMA CGM – dona da CEVA – está a fazer um marketing integrado, mas a CMA e a CEVA têm uma gestão separada e diferenciam de forma clara o seu comportamento. A CEVA não é um grande operador, e Rodolphe Saadé [CEO da CMA CGM] é mais esperto e sabe que não pode dominar o mundo”, considerou um especialista.
“A CEVA estava à venda e foi uma oportunidade que [Saadé] aproveitou para transformar uma companhia deficitária em lucrativa. Não ficaria surpreendido se a CMA a vendesse, e não há razão para acreditar que o seu comportamento irá mudar. MSC, Hapag-Lloyd e todos os outros se comportam como parceiros”, acrescentou.
Não será essa a estratégia da Maersk, que não esconde a sua intenção de se tornar um player integrador global, capaz de competir com a FedEx ou a UPS.