A Transitex facturou em 2011 cerca de 46 milhões de euros e movimentou 45 mil TEU, avançou ao TRANSPORTES & NEGÓCIOS, Fernando Lima, administrador-delegado da empresa transitária de direito espanhol e capitais portugueses detida pelo grupo Mota-Engil.
“Em 2007, quando as coisas ficaram arrumadas em termos da organização interna da Tertir, alcançámos um volume de facturação da ordem dos 16 milhões”, recorda Fernando Lima. A partir daí, o crescimento do negócio tem sido de tal forma significativo que a empresa tem como objectivo chegar ao final de 2013 “com uma facturação de 100 milhões de euros”.
Para essa evolução tem sido fundamental o aumento da presença internacional da empresa. A Transitex opera com sete sucursais na Península Ibérica (Lisboa, Madrid, Valência, Badajoz, Salamanca, Sevilha e Vigo), quatro na América do Sul (Brasil, Colômbia, México e Peru), três em África (Angola, Moçambique e África do Sul) e ainda na Rússia (Moscovo) e na Lituânia (Vilnius).
“Nos últimos dois anos abrimos muitos escritórios. Identificámos quais eram os mercados de referência onde podíamos fazer a diferença, nomeadamente na África Austral e na América Latina, pelo que 2012 será sobretudo um ano de consolidação dos novos negócios”.
A África do Sul e o Peru são as apostas mais recentes. “Estamos agora a arrancar com a África do Sul – sublinha Fernando Lima – numa lógica de prestar serviço principalmente aos mercados angolano e moçambicano”. Em relação ao Peru, “quando anunciámos aos mercados que abrimos oficialmente a Transitex Peru, o primeiro retorno que tivemos foram os nossos clientes a dizer que importam este ou aquele fruto de lá, e a fazerem automaticamente a extensão do serviço que nós já lhes prestávamos noutros mercados”.
As novas operações têm cada vez menos a ver com os mercados de Portugal e Espanha, uma vez que no Peru, por exemplo, a actividade está ser direccionada sobretudo ao transporte porta-a-porta para o Brasil e para o México, destaca Fernando Lima.
“A Transitex Peru tem a participação dum sócio peruano que trabalhava no sector agro-alimentar e tem cargas próprias, uma vez que representa empresas espanholas e americanas de import/export. Portanto, entrámos num negócio em que começámos logo a ter volume de carga”, explica.
Em Portugal, a Transitex já representa cerca de 15% do movimento de reefers no Porto de Lisboa. Muitas cargas são captadas em Espanha, e muitas outras são mesmo expedidas através dos portos do país vizinho, diz aquele responsável, que garante: “somos também uma referência nos portos de Barcelona e de Valência no que se refere à carga frigorífica. No ano passado carregámos cerca de 700 contentores reefers em Barcelona e 500 em Valência”.
A propósito, Fernando Lima vê com bons olhos a anunciada aposta do Governo no transporte ferroviário de mercadorias com Espanha, porque, diz, “quanto maiores forem os meios para aumentar o hinterand para conseguirmos oferecer serviços competitivos melhor”. Mas avisa também, referindo-se à Alta Velocidade, que “tudo o que represente custos acrescidos, nos mercados onde estamos inseridos, deixa-nos muitas dúvidas. No transporte ferroviário precisamos sobretudo de fiabilidade, nomeadamente no que respeita ao cumprimento de horários”.
Apesar da Transitex ter a sua actividade muito dirigida para o contentor marítimo completo, também recorre a outros modos complementares de transporte, com um serviço diário de comboio completo de Elvas para Lisboa com 50 TEU, dedicado às cargas provenientes da Estremadura espanhola, e um comboio parcial diário da Guarda para Lisboa, com cargas da região de Castela e Leão.
Na Península Ibérica trabalha também com um operador rodoviário. “Temos equipamentos próprios no transportador, para não quebrar a cadeia de frio, e conseguimos garantir diariamente, pelo menos, 40 contentores frigoríficos”.