O Ever Given está impedido de sair do território egípcio até que seja paga a indemnização reclamada pelas autoridades pelo encalhe no Canal do Suez.
Um tribunal de Ismaília determinou a apreensão do Ever Given, operado pela Evergreen mas propriedade da Shoei Kisen Kaisha Ltd., até que haja um acordo ou seja pago o montante de cerca de 916 milhões de dólares (767 milhões de euros) reclamado pela Autoridade do Canal do Suez.
O valor reclamado tem em conta a perdas de receitas do Canal enquanto durou a interrupção da navegação e os custos associados aos trabalhos de desencalhe do navio.
“O navio permanecerá aqui até que as investigações estejam concluídas e a indemnização seja paga”, disse Ossama Rabie, chefe da Autoridade do Canal de Suez, a um canal de notícias local, segundo o “The Wall Street Journal”. “Esperamos um acordo rápido” (…) “no momento em que concordarem com a compensação, o navio poderá seguir”, acrescentou, repetindo, na prática, o que já havia dito no princípio do mês.
No entretanto, o Ever Given, com a tripulação e a carga, permanece ancorado no Great Bitter Lake, sensivelmente a meio do Canal do Suez.
À “Bloomberg”, a Shoei Kisen Kaisha Ltd escusou-se a comentar, mas confirmou negociações com a autoridade do Canal. Já a Evergreen disse não ter conhecimento da decisão judicial.
UK P&O Club contesta
Entretanto, em comunicado, a UK P&I Club disse “lamentar” a decisão das autoridades egípcias de arrestar o navio até ao pagamento da indemnização.
A UK P&I Club indicou que a Autoridade do Canal do Suez “não avançou uma justificação pormenorizada” para o pagamento da indemnização, que inclui uma rubrica de 300 milhões de dólares (251 milhões de euros) por “danos reputacionais” e outro montante idêntico a título de “bónus de salvamento”, não avançando as razões para o valor em falta (316 milhões de dólares ou 265 milhões de euros)
“Apesar da magnitude da reclamação, que em grande parte não tem suporte, os proprietários e as suas seguradoras têm negociado de boa-fé com a SCA”, disse a empresa.
Em 12 de Abril, referiu, a seguradora fez uma “oferta generosa e cuidadosamente estudada”, razão pela qual a decisão da autoridade do canal de reter o navio constitui uma “decepção”.
“Também estamos decepcionados com os comentários feitos pela SCA de que o navio ficará retido no Egipto até que seja paga a indemnização e que a tripulação não poderá sair durante esse período”, acrescentou.
A seguradora destaca na nota que o bloqueio do canal não gerou “contaminação” nas águas nem causou feridos, realçando que, quando ocorreu o acidente, o navio estava “em pleno funcionamento, sem defeitos nas máquinas ou no equipamento”.
Notícia actualizada às 20h15