O grupo Yildrim vai investir 500 milhões de dólares para ficar com 20% do capital CMA CGM. Mas a sua intenção parece ser sair da empresa dentro num horizonte de cinco anos, no âmbito de uma IPO do grupo liderado por Jacques Saadé.
Até ao final do ano, o grupo turco Yildrim deverá formalizar o investimento de 500 milhões de dólares na CMA CGM. O investimento far-se-á mediante a compra de acções convertíveis com uma maturidade de cinco anos, e que correspondem a 20% do capital da sociedade.
Todavia, e apesar das ligações dos turcos à área do shipping, não parece ser sua intenção manterem-se no capital do grupo francês para além dos cinco anos. Pelo contrário, e apostando na valorização da empresa, os planos das duas partes apontam antes para a entrada em Bolsa da CMA CGM dentro de cinco anos, com a dispersão de uma tranche minoritária do capital, suficiente para a Yildrim vender a sua posição.
O grupo turco terá três lugares na administração da CMA CGM mas o seu líder já disse não pretender envolver-se na gestão corrente ou estratégica da empresa.
No imediato, o encaixe dos 500 milhões de dólares não será utilizado no pagamento de dívida. Pelo contrário, destinar-se-á a financiar de compra de navios. Este ano a CMA CGM recebeu 12 navios, elevando para 92 a frota própria, e para o ano tem previsto receber mais nove.
A reestruturação do passivo, de cinco mil milhões de dólares, também parece bem encaminhada. O acordo com os bancos estará a ser limado para ser oficializado em Janeiro próximo.
No entretanto, Jacques Saadé prossegue as tentativas para captar o investimento do fundo soberano francês. Não tanto pelo encaixe financeiro, como o próprio fez questão de referir, mas pelo significado e pelo efeito “psicológico” junto dos mercados.
Nos primeiros nove meses do ano, a CMA CGM registou um volume de receitas de 10,5 mil milhões de dólares (7,6 mil milhões há um ano), um EBITDA de 1,95 mil milhões (727 milhões negativos em 2009) e um lucro líquido de 1,4 milhões de dólares (perdas de 852 milhões).