A União Europeia (UE) vai financiar a modernização dos portos em Cabo Verde para diversificar a economia com a prestação de serviços no sector marítimo, disse à “Lusa” a embaixadora de Bruxelas no arquipélago.
“Cabo Verde está numa posição estratégica da qual pode tirar partido, mas para isso precisa de melhorar as suas infra-estruturas e também os serviços que os seus portos podem prestar. Foi nesse contexto que o governo nos apresentou uma lista das infra-estruturas que pretende modernizar”, explicou Carla Grijó.
A embaixadora da UE em Cabo Verde falou à “Lusa” poucos dias depois de o Banco Europeu de Investimentos (BEI) aprovar um financiamento de 114 milhões de euros para a reabilitação e ampliação de portos (nas ilhas de Santo Antão, São Vicente e Sal) e do principal estaleiro naval do país, Cabnave, localizado em São Vicente.
O apoio surge em resposta à mobilização pela iniciativa Global Gateway da UE, que também já garantiu uma subvenção de 25 milhões de euros, a fundo perdido, do orçamento da UE.
A fórmula Global Gateway “permite utilizar recursos públicos, do orçamento da UE, para mobilizar investimento de outros financiadores – no caso, do BEI, mas a procura continua por outros parceiros de financiamento”, referiu Carla Grijó, “porque estes cerca de 100 milhões de euros que já conseguimos não vão ser suficientes para financiar a modernização de todas as infra-estruturas que estão na lista do governo de Cabo Verde”. Mas, reforçou, “já é um bom princípio poder começar por financiar algumas das infraestruturas mais importantes”, disse.
O investimento que agora recebeu luz verde do BEI insere-se na estratégia de desenvolvimento de um corredor de transporte multimodal Praia – Dakar – A bidjan, identificado pela UE como “um corredor regional estratégico”, segundo justificou a própria instituição financeira ao aprovar os fundos.
Ainda vai levar tempo, da aprovação do apoio financeiro até às obras no terreno e Carla Grijó não se compromete com datas. “É verdade que demoramos, exigimos muitos estudos”, mas a embaixadora justifica-o com os “padrões elevados em termos ambientais, laborais e de direitos humanos”.
“Para um parceiro como Cabo Verde, isso também é uma vantagem porque o país tem a ambição de atingir esses patamares de padrões internacionais. Ao trabalhar com a UE, com o BEI e com outros parceiros que pensam da mesma forma, estamos também a contribuir para a elevação desses padrões”, destacou.
O financiamento aprovado pelo BEI para os portos insere-se num pacote mais vasto que Bruxelas anunciou em Outubro de 2023, no valor de 246 milhões de euros, dedicado a Cabo Verde.
Esse leque global prevê incentivar a produção de energia verde, transportes sustentáveis e transformação digital do arquipélago.
Na altura, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen classificou a estratégia Global Gateway como “uma maneira de criar um futuro melhor para os países parceiros” da UE, sendo que Cabo Verde partilha a visão europeia de um mundo “mais verde, mais conectado e economicamente reforçado”.