A Vale vai recorrer à ferrovia do Malawi para escoar o carvão extraído em Moatize, Moçambique. Com isso pretende superar as dificuldades surgidas com a reabilitação da linha do Sena.
O grupo brasileiro e o governo do Malawi assinaram segunda-feira um memorando de entendimento sobre a construção de uma linha férrea entre Moatize, no Centro de Moçambique, e o porto de Nacala, no Norte do país, cruzando o Sul do Malawi, pelo caminho mais curto.
O investimento total previsto ascende a 1,5 mil milhões de euros. A via terá um comprimento total de 900 quilómetros, sendo que na passagem pelo Malawi utilizará parte da infra-estrutura já existente.
Desde o início do investimento em Moatize que o grupo brasileiro equacionou investir numa linha férrea para escoar a produção. O projecto foi entretanto abandonado quando o governo moçambicano concessionou a recuperação da linha do Sena, entre Moatize e o porto da Beira.
Em Setembro do ano passado, quando já eram evidentes os problemas na recuperação daquela via e a sua limitada capacidade de escoamento, a Vale tomou a maioria do capital da Sociedade de Desenvolvimento do Corredor do Norte (SDCN), que opera o corredor ferrovário de Nacala e a rede ferroviária do Malawi (através da Central East African Railway).
A Vale deve começar com a exportação de carvão nos próximos meses e, no pico de produção, o projecto de Moatize terá uma capacidade nominal de produção de 11 milhões de toneladas por ano, dos quais 8,5 milhões de toneladas serão de carvão metalúrgico e 2,5 milhões de toneladas de carvão térmico.
No quadro dos seus investimentos em Moatize, a Vale está a construir uma das maiores unidades de processamento de carvão do mundo, com capacidade para 26 milhões de toneladas por ano, quantidade que permite àquela companhia viabilizar a ideia de expandir o projecto para além do actual domínio de exploração.
O investimento na ferrovia do Corredor de Nacala permitirá também à empresa, se assim o quiser, escoar a produção de cobre da Zâmbia e de rocha fosfática de Moçambique.
A Vale dispõe-se também a investir num terminal de águas profundas no porto de Nacala, cujo plano de desenvolvimento estratégico está a ser desenvolvido com a participação da APDL.