A partir de hoje, e durante todo Agosto, o tráfego ferroviário de mercadorias por Vilar Formoso estará suspenso ou fortemente condicionado.
Como se não bastasse o fecho da Linha Beira Alta para obras durante cerca de nove meses (contados desde 18 de Abril), obrigando ao desvio dos comboios de mercadorias para a Linha da Beira Baixa, agora surge o encerramento por 15 dias do troço entre Guarda e Vilar Formoso, a inviabilizar por completo o encaminhamento das cargas por comboio através daquela fronteira.
A inesperada complexidade da natureza geológica da plataforma de via é a justificação avançada pela Infraestruturas de Portugal (IP) para o encerramento do tráfego em mais aquele troço da Linha da Beira Alta. “As condições de encerramento foram articuladas com os operadores ferroviários”, avançou Carlos Fernandes, administrador da IP ao TRANSPORTES & NEGÓCIOS.
Quinze dias é o prazo anunciado para o fecho da circulação, mas depois disso “teremos ainda 15 dias adicionais em que não será possível realizar trocas de tracção na fronteira de Vilar Formoso para comboios de maior comprimento”, referiu, por seu turno, o director executivo da APEF, associação que representa a Medway e a Takargo / Captrain, também, ouvido pelo TRANSPORTES & NEGÓCIOS.
“Os operadores foram avisados sobre esta necessidade no início do mês de Junho”, disse Miguel Rebelo de Sousa, mas essa antecedência de pouco vale, simplesmente porque as alternativas ferroviárias são praticamente inexistentes.
“A Linha do Leste apenas pode ser uma alternativa para um número muito reduzido de comboios, ainda assim com alguns constrangimentos. Não é alternativa para todos os comboios que se realizam por Vilar Formoso com tracção eléctrica, uma vez que a Linha do Leste não está electrificada, nem é alternativa para tráfegos da região Norte de Espanha, como é o caso das Astúrias ou País Basco, porque obriga um acréscimo massivo de km a percorrer. O tráfego terá de ser substituído por transporte rodoviário”, sintetizou o director executivo da APEF.
Nestas condições, reprogramar o envio das cargas “é uma dificuldade”. Por isso, os operadores optaram, “em alguns casos pela transferência para a rodovia” e noutras cargas a granel “a única opção foi de suspensão temporária do tráfego de mercadorias por completo durante este período”.
“Também por estas razões, é muito importante que seja cumprido o prazo de 30 dias de interdições”, sublinhou Miguel Rebelo da Silva.
Mais este contratempo inesperado aumenta o risco de perder definitivamente cargas para a rodovia, assim prejudicando, afinal, o crescimento do transporte ferroviário de mercadorias que a modernização da Linha da Beira Alta pretende alavancar.
Para já, sustentou o representante das operadoras, “temos conseguido garantir a grande maioria dos tráfegos. Temos feito um grande esforço junto dos nossos clientes e tem havido da parte deles uma compreensão da situação. Mas para a operação ferroviária é crítico, sim, que este encerramento não se prolongue no tempo, porque pode ter um impacto enorme na sustentabilidade da operação”.
Até porque, três meses e meio volvidos sobre o encerramento da Linha da Beira ainda não está fechado o acordo de compensação aos operadores pelos sobrecustos operacionais, para que os clientes não notem a diferença ao menos na factura.
“O acordo com a IP ainda não foi finalizado, o que nos preocupa, até porque o objectivo definido pela IP era ter este assunto acordado e formalizado com os operadores até ao encerramento da Linha”, referiu Miguel Rebelo de Sousa. “Os operadores estão a fazer um esforço financeiro grande para manter a sua operação e a suportar a totalidade dos sobrecustos sem qualquer compensação ainda definida, cenário agravado por este contexto de subida dos custos energéticos”, concluiu.
Incompetência, incompetência, incompetência…alegadamente dos responsáveis a começar pelo topo das hierarquias.
Já perguntei, a propósito do encerramento temporário da linha da B. Alta, qual o itinerário da ligação de comboios de mercadorias Leixões/Valencia que a COSCO, se estou certo, se propões fazer? será Leixões/Galiza/Valencia?
Aguardo algum comentário.