Depois da pandemia e em especial com o início da Guerra da Ucrânia e as dificuldades com a Rússia e a China, assistiu-se a uma revolução completa nos mercados Europeu e Americano.
Em especial no último ano, a revolução no mercado Europeu levou a uma corrida impressionante do investimento privado nos novos domínios industriais da economia circular e da energia verde descarbonizada, com perspetivas muito intensas e de grandes dimensões até 2040.
Esta corrida está a impactar fortemente a região com uma muito grande procura de terrenos para a localização de muitas atividades inovadoras e verdes, que pretendem ficar em localizações próximas dos portos e têm previstos milhares de milhões de investimentos na investigação e na produção limpa, criando muito emprego qualificado e bem pago até 2040.
Importa que saibamos acolher bem estes investidores, ou terão campo fértil na Galiza, na Andaluzia e na Extremadura Espanholas, criando lá as cadeias de valor e os empregos. Nunca tinha assistido a uma corrida destas, desde que me lembro. Os efeitos positivos só serão sentidos a partir de 2027/28 a 2040.
A Comissão Europeia tem indicado claramente uma nova direção para uma Europa mais forte, interna e externamente. A nova Europa visa implementar um Acordo Verde Europeu, tornando o continente o primeiro neutro em termos climáticos, liderando a economia circular, a eliminação da poluição e a proteção da biodiversidade.
A Europa também pretende ser adequada à era digital, com a proposta de uma lei de inteligência artificial, maior apoio à nova indústria e às pequenas e médias empresas, bem como melhorar o funcionamento do mercado único. Que tanto avançou desde o início do ano com o Chat OpenAI, tendo deixado Bill Gates muito impressionado com a abertura de uma Nova Era.
Além disso, a Europa visa ser mais forte no mundo, reforçando a dimensão externa da resiliência energética com o REPowerEU para acabar com a dependência energética. O hidrogénio pode ser um fator de mudança para a Europa, passando de um mercado de nicho para um mercado em escala.
Com o REPowerEU, o objetivo das novas energias ganhou nova força. A Aliança Europeia para as Baterias implica que dois terços das baterias de que a Europa precisa sejam produzidos na Europa. Toda esta nova estratégia para uma nova Europa terá enormes consequências na indústria europeia, na logística do continente e no transporte marítimo e nos portos, desde a energia à alimentação, dos veículos aos computadores e telemóveis.
A reindustrialização das economias oferece uma série de novas oportunidades para o desenvolvimento sustentável, especialmente quando combinada com os princípios da economia circular, bioeconomia e energias verdes. Aqui estão algumas oportunidades potenciais nessas áreas.
A economia circular é um modelo económico projetado para manter os recursos em utilização o maior tempo possível, com o objetivo de reduzir o desperdício e a poluição, enquanto promove a eficiência dos recursos. Com a reindustrialização, as empresas têm a oportunidade de redesenhar os seus processos de produção para incorporar princípios circulares. Por exemplo, em vez de dependerem de matérias-primas para criar produtos, as empresas podem reciclar e reutilizar materiais de seus produtos existentes.
Isso pode levar a economias de custos, aumento da eficiência dos recursos e redução do impacto ambiental. A região tem visto surgir diversos interessados na produção de fases das baterias, descarbonização das indústrias atuais, captura de carbono, reutilização de pneus e plásticos e de óleos, entre outros. Os combustíveis sintéticos com hidrogénio verde estão a sofrer uma revolução, com fortes investimentos.
A bioeconomia é uma economia baseada no uso sustentável de recursos biológicos renováveis, como culturas, florestas e recursos aquáticos. A reindustrialização pode fornecer oportunidades para desenvolver novos produtos e processos baseados em recursos biológicos, como biocombustíveis, bioplásticos e biomateriais.
A reindustrialização das economias oferece uma série de novas oportunidades para o desenvolvimento sustentável, especialmente quando combinada com os princípios da economia circular, bioeconomia e energias verdes.
Esses produtos podem ser produzidos a partir de recursos renováveis e podem ser projetados para serem biodegradáveis, levando a redução de resíduos e poluição. A ideia é substituir, no futuro, por completo os materiais não renováveis produtores de carbono e poluição (plásticos, metais, gás, petróleo, cimento).
Este será o grande tema de investigação a partir de 2030 e a região tem enorme potencial para acolher este tipo de indústria nova alternativa. Os biocombustíveis hidrogenados podem ser utilizados nos atuais motores com neutralidade carbónica e as grandes empresas de transporte estão a apostar na sua produção e utilização. Vários projetos se desenham na região para este tema. Mas o desenvolvimento da bioeconomia vai substituir todos os setores atuais de materiais não reutilizáveis ou não biodegradáveis.
A reindustrialização também pode fornecer oportunidades para mudar para energias verdes, como energia solar, eólica em terra e no mar, das ondas e geotérmica. Ao investir em infraestrutura de energia renovável, as empresas e os países podem reduzir a sua dependência de combustíveis fósseis, o que pode ajudar a reduzir as emissões de gases de efeito estufa e mitigar os impactos das mudanças climáticas.
Além disso, o desenvolvimento de energias verdes pode fornecer novas oportunidades de negócios e criar empregos no setor de energia renovável. A produção de torres e pás eólicas tem procurado em força instalar-se na região. Em especial os leilões de eólicas no mar, previsto serem instaladas entre 2027 e 2040, deverão atrair milhares de milhões de investimento, procurando a região como uma das melhores localizações. Mas também a produção de cabos elétricos submarinos gigantes, que serão uma das formas de transporte de energia no futuro entre países e continentes.
Em geral, a reindustrialização combinada com a economia circular, bioeconomia e energias verdes pode fornecer um caminho em direção a um futuro da região mais sustentável e mais qualificado, onde o crescimento económico é desvinculado da degradação ambiental.
Existem diversos segmentos de mercado potenciais que podem ser explorados na região com a reindustrialização combinada com os princípios da economia circular, bioeconomia e energias verdes. Aqui estão alguns exemplos.
Com a economia circular, existem oportunidades para empresas que oferecem serviços de reciclagem e gestão de resíduos, como recolha, triagem e tratamento de resíduos. Além disso, há oportunidades para empresas que desenvolvem novas tecnologias e produtos que permitem a reciclagem e reutilização de materiais que anteriormente eram considerados como resíduos, como plásticos, metais e materiais orgânicos.
A bioeconomia oferece oportunidades para empresas que trabalham com o cultivo de plantas e a produção de produtos agrícolas, como alimentos e fibras. Também há oportunidades para empresas que trabalham com a gestão e conservação de florestas, bem como com a produção de produtos florestais, como madeira, celulose e papel.
A transição para energias renováveis oferece oportunidades para empresas que produzem e vendem equipamentos e tecnologias de energia renovável, como painéis solares, turbinas eólicas e sistemas de armazenamento de energia. Além disso, há oportunidades para empresas que oferecem serviços de instalação e manutenção de sistemas de energia renovável.
A reindustrialização combinada com a economia circular pode gerar oportunidades para empresas que trabalham com a produção e venda de veículos elétricos e híbridos, bem como para empresas que desenvolvem soluções de transporte sustentáveis, como sistemas de partilha de carros e bicicletas.
A economia circular oferece oportunidades para empresas que trabalham com materiais de construção sustentáveis, como madeira certificada, cimento reciclado, novos materiais de construção e isolamento natural. Além disso, há oportunidades para empresas que oferecem serviços de construção sustentável, como a renovação de edifícios antigos para torná-los mais eficientes do ponto de vista energético.
Estes são apenas alguns exemplos de segmentos de mercado potenciais. A reindustrialização combinada com a economia circular, bioeconomia e energias verdes pode gerar muitas outras oportunidades para empresas e empreendedores da região que desejam criar soluções inovadoras e sustentáveis para os desafios econômicos e ambientais do nosso tempo
Com a reindustrialização combinada com o hidrogénio verde (H2), produção de energia eólica e solar e produção de Pás Eólicas, surgem novas oportunidades para o desenvolvimento na região, associadas aos portos, de tecnologias e produtos que permitam a transição para um modelo energético mais sustentável.
O hidrogénio verde, produzido a partir de fontes renováveis, como a energia solar e eólica, e pode ser usado como um combustível alternativo para substituir os combustíveis fósseis. Com a reindustrialização, há oportunidades para empresas que trabalham com a produção, armazenamento e distribuição de hidrogénio verde, bem como para empresas que desenvolvem tecnologias que permitem a utilização do hidrogénio verde em veículos e sistemas de aquecimento, ou a sua incorporação em novos produtos energéticos, como a amónia ou o metanol, o HVO ou outros óleos hidrogenados.
Com a transição para energias renováveis, há oportunidades para empresas que trabalham com a produção, instalação e manutenção de equipamentos e tecnologias de energia eólica e solar. Isso inclui empresas que produzem turbinas eólicas, painéis solares e sistemas de armazenamento de energia, bem como empresas que oferecem serviços de instalação e manutenção desses sistemas.
A produção de Pás Eólicas é um segmento importante da cadeia de valor da energia eólica. Com a reindustrialização, há oportunidades para empresas que trabalham com a produção de pás eólicas mais eficientes e sustentáveis, como pás feitas de materiais reciclados ou compostos biodegradáveis.
Os leilões de energia renovável em Portugal têm impulsionado o desenvolvimento de novos projetos de energia eólica no país. Através desses leilões, as empresas podem competir para obter concessões para a construção e operação de parques eólicos em locais designados pelo governo português.
O potencial da energia eólica em Portugal é significativo, devido à sua localização geográfica, com uma extensa costa atlântica e excelentes condições de vento em várias regiões do país. Além disso, o governo português tem estabelecido metas ambiciosas para a transição energética, com o objetivo de atingir 80% de energia renovável na produção de eletricidade até 2030.
Os anúncios dos futuros leilões de energia renovável em Portugal, incluindo a energia eólica, têm sido bem-sucedidos a atrair o interesse de investidores, com especial destaque para a região.
Além disso, Portugal tem tido sucesso no aumento da sua capacidade de energia eólica instalada nos últimos anos, com um crescimento de 12% em 2020.
VÍTOR CALDEIRINHA